APRESENTAÇÃO
No ano de 1996 organizamos um primeiro livro sobre temáticas a respeito da história da Educação Física intitulado Pesquisa Histórica na Educação Física Brasileira. para o processo de organização deste segundo volume, mantivemos a orientação geral indicada no primeiro, suprimindo porém, no título o termo Brasileira, de modo a indicar a possibilidade de publicação de textos que não tratem especificamente de Educação Física brasileira, mas que sejam relevantes como pesquisa histórica. Confirmando os propósitos iniciais do projeto de publicação sobre pesquisa histórica em Educação Física, apontamos que esta coletânea pretende contribuir para o debate nesta área e para a divulgação dos resultados de pesquisa recentemente concluídos e ou em andamento de importantes estudiosos da Educação Física no Brasil.
Os textos podem ser lidos separadamente, mas constituem um precioso panorama em seu conjunto, uma vez que abordam itens clássicos na historiografia como: fontes, corpo, ginástica, Educação Física, esporte, instituições e prersonagens/atores sociais no campo da Educação física.
Carmen Lúcia Soares considera que, ao longo do século XIX, é possível identificar diferentes formas de intervenção dirigida, consentida ou não, sobre o corpo e sobre o que ele expressa. Talvez seja o corpo o lugar mais visível de inscrição da cultura humana, seu registro mais verdadeiro. Estas constatações leva a um alongamento de formas, modelos e técnicas que viabilizem a já aceita "educação corporal". Nesse texto, a autora, estabelece algumas aproximações com a ginástica, tomando-a como um modelo de educação corporal.
Tarcísio Mauro Vago discute o processo de escolarização da Ginástica nos cursos de formação do professorado de Minas gerais, no período que vai da primeira lei mineira que estabelece a ginástica como componente curricular (em 1890), até chegar ao momento em que se estruturam os primeiros programas de ensino detalhados para ela (1916-1918). A legislação foi uma das estratégias usadas pra a conformação do campo escolar, autorizando e legitimando um certo conhecimento que a ginástica deveria tratar na formação do professorado. A escolarização da Ginástica (e das praticas corporais que compõem o seu programa) movimento de higienização e disciplinarização dos sujeitos e do todo sujeitos e do todo social, e de melhoria da raça, que emerge naquele período.
Pedro Angelo Pagni aborda a prescrição dos exercícios físicos esboçadas nas teses e nos manuais pedagógicos apresentados pelos médicos a partir da segunda metade do século passado, a polêmica sobre o esporte no início do século e as propostas de Fernando de Azevedo sobre a Educação física e o esporte, percorrendo um período que corresponde , a aproximadamente, de 1850 a 1920, o autor se propõe a apresentar a Educação Física e o esporte como atividades que fazem parte dos hábitos e cuidados com o corpo, os quais começam a ser difundidos durante esse período e como meio de educação geral que visa auxiliar a formação moral do homem e a formação do caráter. Além disso, pretende mostrar as dificuldades encontradas na difusão dos exercícios físicos e dos esportes no brasil, durante esse período, assim como as constantes reformulações das estratégias sociais e dos procedimentos pedagógicos a que a sua prescrição é submetida.
Amarílio Ferreira Neto levanta questionamentos sobre um possível projeto pedagógico militar na Educação física do país. Escreve sucintamente sobre estado e forças armadas no Brasil, sobre os militares, os intelectuais e a Educação Física, sobre pedagogia militar na Educação Física. As fontes que tem oferecido suporte ao texto são, num primeiro plano, a revista A Defesa nacional e, num segundo plano, a Revista de Educação Física.
Célia Carvalho do Nascimento apresenta uma incursão pela obra historiografica de Inezil Penna marinho, aponta dados biográficos, pressupostos de sua concepção de História e dialoga com os críticos do autor objeto do trabalho.
Dirce Maria Corrêa da Silva faz alusão, sinteticamente, á História da Escola de Educação Física do espírito Santo, de 1931 a 1961.
Ricardo de Figueiredo Lucena enfoca um momento da pesquisa que vem desenvolvendo sob o título de "A História Esporte em Vitória". Faz uma breve pontuação sobre a prática de esportes pelos capixabas a partir do início deste século, aproximando da história social de Vitória, como cidade que sofre modificações arquitetôonicas e culturais envolvendo novas práticas e novas relações sociais que se inserem num outro processo de urbanização.
Considerando-se que persiste um abismo entre pesquisadores e a comunidade de professores dos ciclos básicos, este livro procura, também, servir de ponte para a atualização desses professores. Ao mesmo tempo, busca atender ao publico universitário, revitalizando os rumos do debate e pesquisa histórica na Educação Física, tão essencial na formação do professor/pesquisador dessa área, bem como dos cientistas sociais em geral no país.
Vitória, 07 de julho de 1997.