RIBEIRO, Denise Maria da Silva; LUCIO, Mariana Rocha; SCHNEIDER, Omar; ASSUNÇÃO, Wallace Rocha; POLEZE, Grasiela Martins Lopes; WILL, Thiago Ferraz. Colégio Estadual do Espírito Santo: relatos da educação física e do esporte em seu arquivo institucional (1943-1957)In: XVIII Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte e V Congresso Internacional de Ciências do Esporte, 2013, Brasília.
COLÉGIO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO: RELATOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE EM SEU ARQUIVO INSTITUCIONAL (1943-1957)
Denise Maria da Silva Ribeiro 1
Mariana Rocha Lucio2
Omar Schneider3
Wallace Rocha Assunção4
Grasiela Martins Lopes Poleze5
Thiago Ferraz Will6
PALAVRAS-CHAVE: História da Educação Física; Espírito Santo; Arquivo;
INTRODUÇÃO
O estudo busca analisar o arquivo institucional do Colégio Estadual do Espírito Santo, entre os anos de 1943 e 1957, para compreender as práticas de ensino da Educação Física e do esporte no interior da instituição. Na análise, utilizamos os dados obtidos no arquivo escolar, que se constituem como fontes. São elas: as correspondências, ofícios, atas de admissão de funcionários e alunos, documentos da União Atlética Ginasial do Espírito Santo (Uages), uma agremiação esportiva fundada em 1934, como resultado dos esforços dos alunos do Ginásio Espírito Santo, atual Colégio Estadual.
Com base nos conceitos de representação desenvolvidos por Chartier (1991), buscamos analisar como se constituiu a história e a memória das práticas esportivas no arquivo institucional da escola, pois compreendemos que “Toda reflexão metodológica enraíza-se, com efeito, numa prática histórica particular, num espaço de trabalho específico. A análise das práticas que, diversamente, se apreendem dos bens simbólicos, produzindo assim usos e significações diferençadas” (PAES, 2004, p. 178).
O arquivo da escola é fonte importante para nosso estudo. Paes (2004, p. 20) nos informa:
O arquivo é uma fonte de documentos que é construída por uma instituição, pública ou privada, no decorrer da sua existência, com objetivo de registrar
fatos e acontecimentos de um determinado local. A principal finalidade dos arquivos é servir à administração, constituindo-se, no decorrer do tempo, em
base de conhecimento da história.
Mais que servir à administração, os arquivos servem aos historiadores que neles inferem sobre fatos do passado, fazendo-os falar mesmo contra as intenções de quem os produziu (BLOCH, 2001).
Nas escolas, o espaço destinado às documentações acumuladas é identificado como “arquivo morto”, supondo ser sem utilidade, porém essa é uma denominação inadequada aos arquivos permanentes. Em geral, as escolas não mantêm registro de suas atividades, das experiências e dos resultados obtidos e, na maioria das vezes, quando existe algum material escrito, ele pouco representa o que passa no seu cotidiano. Se houvesse um mínimo de organização na guarda de cada documento e um pouco de limpeza, isso contribuiria para que ele não fosse destruído pela ação do tempo, o que facilitaria o trabalho do pesquisador no uso dessas fontes e contribuiria para o estudo da história.
OBJETIVO
Compreender as práticas de representações da Educação Física e do esporte no Colégio Estadual, entre os anos 1943-1957, por meio de seu arquivo institucional.
METODOLOGIA
A investigação se constitui como uma pesquisa histórica que utiliza, como corpus documental, o arquivo institucional do Colégio Estadual do Espírito Santo, documentos produzidos na instituição e que guardam a memória das práticas realizadas no processo de escolarização da Educação Física. Como forma de organizar a série documental e para delas extrair os indícios, sobre o sentido da Educação Física, buscamos fotografar os documentos e submetê-los ao aporte teórico da Nova História Cultural, com base nas proposições de Chartier (1991) sobre as práticas de representação.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
Entre as décadas de 1940 e 1950, o Colégio Estadual pretendia se equiparar ao Colégio Pedro II, da cidade do Rio de Janeiro, uma referência para o ensino moderno. Para tanto, buscava oferecer as mesmas disciplinas, com a mesma carga horária semanal que aquele colégio. Por não possuir espaço destinado às aulas de Educação Física, a forma encontrada para alcançar a mesma representação de modernidade na sociedade capixaba foi estabelecer uma parceria com a Escola de Educação Física do Espirito Santo. Essa foi uma tática empregada pela instituição para viabilizar a sua equiparação ao Colégio Pedro II, prática que pode ser percebida por meio das pistas deixadas em seu arquivo.
No arquivo institucional, foram encontrados boletins de frequência, documentos da Uages, exames de admissão e históricos escolares dos alunos, notas e advertências semestrais, telegramas e convites para participação em campeonatos, ofícios e documentos para a Escola de Educação Física do Espírito Santo, local de formação dos professores de Educação Física.
CONCLUSÕES
Ao analisarmos os arquivos do Colégio, percebemos o status que a Educação Física possuía na instituição. Nos boletins de frequência essa disciplina aparece ministrada durante cinco dias na semana, portanto ocupava boa parte das atividades de formação dos alunos. Desse modo, era significativa para o currículo proporcionado por uma instituição que buscava ser moderna, chamando a atenção da elite capixaba, tanto pela formação intelectual proporcionada, quanto pela preparação física que intencionava imprimir em seus alunos.
Podemos inferir, por meio dos documentos do arquivo, que ela era ministrada na Escola de Educação Física do Espírito Santo em regime de prestação de serviços, conforme registrado nas comunicações entre essas duas instituições. Também podemos apreender que, apesar de sua importância, não havia no Colégio um espaço destinado às aulas dessa disciplina nem professor contratado especificamente para ela. Portanto, era necessário transferir para a Escola de Educação Física a responsabilidade de administrar essas aulas, as quais naquele momento aconteciam no Estádio Governador Bley.
REFERÊNCIAS
BLOCH M. Apologia da história: ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
CHARTIER, R. O mundo como representação. Estudos Avançados, n. 11, p.115-127. jan./abr. 1991.
PAES M. L. Arquivo teoria e prática. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 2004.
FONTE DE FINANCIAMENTO
Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Edital CNPq/FAPES 02/2011,
Programa Primeiros Projetos, Processo nº 53661524; Edital Apoio a Projetos de Pesquisa CNPq/CAPES 07/2011, Processo nº 401329/2011-9.
1 Graduanda em Educação Física – Licenciatura (Ufes) – denise_denise_ribeiro@hotmail.com
2 Graduanda em Educação Física – Licenciatura (Ufes) – mariana.rlucio@hotmail.com
3Doutor em Educação (Ufes) – omarvix@gmail.com
4Mestre em Educação Física (Ufes) – wallra@hotmail.com
5Mestranda em Educação Física (Ufes) – grasielapoleze@bol.com.br
6Graduando em Educação Física (Ufes) – thiago-will@hotmail.com