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Artigos > História da Educação, da Educação Física e do Esporte > História da Educação Física > MAIA, Ediane Melo; FERREIRA NETO, Amarílio. A pedagogia na educação física: indícios de uma teoria da ação. In: II Seminário do CEMEF-UFMG, 2005, Anais... Belo Horizonte. Educação Física, Esporte, Lazer e Cultura Urbana: uma abordagem histórica. Belo Horizonte : CEMEF-PROTEORIA, 2005. 1 CD-ROM

MAIA, Ediane Melo; FERREIRA NETO, Amarílio. A pedagogia na educação física: indícios de uma teoria da ação. In: II Seminário do CEMEF-UFMG, 2005, Anais... Belo Horizonte. Educação Física, Esporte, Lazer e Cultura Urbana: uma abordagem histórica. Belo Horizonte : CEMEF-PROTEORIA, 2005. 1 CD-ROM


A PEDAGOGIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA: INDÍCIOS DE UMA TEORIA DA AÇÃO

 

Ediane de Melo Maia

Amarílio Ferreira Neto

 

 

INTRODUÇÃO

Ao se estudar a História da Educação Física no Brasil, percebe-se que ela está relacionada à história dos Militares. Fazendo um passeio pela história militar pode-se perceber um pioneirismo em relação à utilização dos exercícios físicos, tanto no que concerne a sua sistematização quanto no ensino de suas práticas. A utilização das atividades físicas pelo exército ocorre com objetivos específicos, dentre os quais, cabe destacar a preparação física do combatente e a utilização dos exercícios para auxiliar na disciplina da tropa.

A partir da observação dessa relação dos militares com os exercícios físicos e de seu empenho em divulgação da Educação Física no Brasil, pode-se então destacar, que a “[...] influência [dos militares] no desenvolvimento da Educação Física no Brasil, tanto no que se refere à sua concepção e aos seus métodos, quanto à sua prática, foi real e duradoura” (HORTA, 1994, p. 53).

Essa influência ocorre pelo seu pioneirismo em relação aos exercícios físicos, tendo assim um grande predomínio no desenvolvimento inicial da Educação Física. Essa predominância ocorreu também pela falta de pessoas capacitadas a assumir este papel. Pode-se então afirmar que foram os militares os primeiros professores de Educação Física do Brasil.

No meio civil, essa influência foi ampliada, devido aos muitos livros e manuais publicados pelos militares. Estes impressos vieram contribuir para a divulgação de doutrinas de Educação Física baseados principalmente nos métodos ginásticos.

Nessa investigação, estudou-se a seção Unidade de Doutrina no período de 1932 a 1939, tendo como objetivo analisá-la, estabelecendo os eixos científico- pedagógicos propostos pelo Exército como estratégia de disseminação da educação física na sociedade brasileira e, em particular, no âmbito escolar, procurou-se destacar também como eram efetuadas as aulas de Educação Física para militares e para civis, destacando assim as características expostas nas aulas. Por meio dessa análise, pode-se visualizar como esses eixos se organizam e se apresentam interligados e por que se constituem de grande importância para a prática educativa da Educação Física.

Essa pesquisa busca dar continuidade ao projeto desenvolvido anteriormente e financiado pelo PIBIC/CNPq/UFES,[1] sendo parte de um projeto mais amplo, que busca a constituição de teorias da Educação Física no Brasil, tendo os trabalhos originários desse contexto, sua fonte principal de pesquisa os periódicos do séc. XX.[2]

 

REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

O presente trabalho se apresenta como uma pesquisa histórica. Nesses preceitos, o primeiro passo tomado, em uma pesquisa dessa natureza, é o gesto de “selecionar” transformando em “documentos” objetos distribuídos de forma diferente (CERTEAU, 1988). Para o autor 

O historiador trata, segundo seus métodos, os objetos físicos (papéis, pedras, imagens, sons etc.) distinguidos, no continuum do percebido, pela organização de uma sociedade e pelo sistema de pertinências próprias a uma ‘ciência’. O historiador trabalha sobre um material para transformá-lo em história. Efetua então uma manipulação que, como as outras, obedece a regras (CERTEAU, 1988, p. 29).

Tendo clara essa parcialidade evidenciada pelo autor, selecionei como lócus de investigação a Revista de Educação Física publicada pela escola de Educação Física do Exército. A justificativa dessa escolha fundamentasse pelo fato desse periódico possuir grande importância para a área da Educação Física e pelo fato de ter sido o meio de difusão do método adotado pelo Exército para a Educação Física no Brasil.

Procurando compreender essa Revista na sua pluralidade e multiplicidade de sentidos (expostas tanto nos seus textos - conteúdo, como na sua materialidade - sua forma), tomará como referência o conceito de representação. Para tanto, utiliza- se duas proposições de Chartier: “A primeira delas é a modelização retórica dos textos, como convenção técnica aplicada num ato de discurso que, ao transformar a codificação semiótica da língua, semantiza-se como enunciado em situação nas várias acepções de opus, ‘obra’ ou ‘texto’” (CARVALHO; HANSEN, 1996, p. 9, grifo do autor).

O segundo elemento refere-se ao objeto que serve de suporte ao texto que, nesta pesquisa, são os periódicos (Revista de Educação Física) e os livros (utilizados principalmente as obras do autor Edouard Claparède). Deve-se, então, considerar a materialidade do impresso, observando a utilização de imagens, o tamanho tipos utilizados, o tamanho dos textos, dentre outros signos que modelizam a apropriação do texto pelo leitor (CHARTIER, 1990).

Esta pesquisa apresenta como foco de análise o período compreendido entre 1932 e 1939, que é o período em que foram encontrados os textos referentes a seção Unidade de Doutrina. A preferência pelo estudo em um período curto de tempo justifica-se pelo intuito de melhor apreender a multiplicidade desse espaço de tempo, pois, como afirma Ginzburg (1989a, p. 171),

[...] na perspectiva de longo período [...] é difícil compreender os problemas cotidianos de sobrevivência. Raciocina-se por médias decimais, médias móveis, extraídas de folhas quase logarítmicas. A vida real (expressão que encerra, sem dúvida, elementos de ambigüidade) é largamente posta à margem.

Seguindo as pistas indiciárias (GINZBURG, 1989b) deixadas nos exemplares da revista, foram encontrados doze textos da seção Unidade de Doutrina, publicados em períodos distintos, sendo que os primeiros artigos aparecem seqüencialmente na revista de n. 2, de junho de 1932, e se estendem até a revista de n. 7, de abril de 1933. Ocorre, a partir de então, um período de supressão e a seção só volta a ser publicada na revista n. 40, de julho de 1938, permanecendo em intervalos irregulares até o n. 47, de dezembro de 1939.

Foi preciso ainda, para apreender o objeto de estudo, efetuar a leitura de outros textos não referentes a seção Unidade de Doutrina, como: editoriais e matérias da seção de Educação Física Infantil.

Por fim, é preciso ressaltar que nesta pesquisa foram abordados os eixos científico-pedagógicos, assim como as aulas de Educação Física para militares e para civis. Em seguida, foi destacado as características das aulas de Educação Física, bem como as proximidades dessas com uma vertente da Escola Nova, denominada Educação Funcional, buscando trazer a discussão possíveis relações da escola ativa proposta por Edouard Claparède[3] com a Educação Física proposta pelos militares.

 

EIXOS DOUTRINÁRIOS E EIXOS PEDAGÓGICOS

Dos doze textos referentes à seção Unidade de Doutrina na Revista de Educação Física, três deles foram escritos pelo tenente-coronel Newton Cavalcanti, três pelo capitão Ilidio Romulo Colônia e seis pelo capitão Jair Jordão Ramos. Como pode-se observar essa sessão foi escrita somente por oficiais, cujo objetivo central, foi criar e manter a doutrina que garante a existência do Exército e cuidar para que ela seja cumprida.

Diante dessas primeiras constatações, faz-se necessário, antes de iniciar a discussão sobre a seção Unidade de Doutrina, realizar um esclarecimento sobre o que o exército entende por pedagogia e o que se considerou eixos doutrinários e eixos pedagógicos nesta pesquisa.

Segundo Silva (apud FERREIRA NETO, 1999, p. 65),

[...] a pedagogia abrange praticamente a vida. Não se limita a satisfazer a nossa imperiosa necessidade de conhecer fatos e explicá-los; ela toca a ação humana, modificando-a e melhorando-a com as suas normas traçadas, elevando-a, procurando tornar mais perfeitos os afazeres humanos, tirando-lhes vagarosamente os inconvenientes, subtraindo o inútil e corrigindo-lhes os erros. O homem, com o saber, consegue derrubar obstáculos gigantescos; ele não considera o saber um prêmio último e independente, mas, sim, um meio firme e certo para aumentar o seu poder, fazendo em todas as ocasiões, valer a sua vontade. A origem do saber é uma necessidade prática; é uma contribuição, um auxílio para aumentar e aperfeiçoar a atividade na vida. Pedagogia então não é ciência simplesmente teórica. Pedagogia é o estudo da educação, com o fim de se tirarem regras que sirvam para a aplicação prática. O progresso intelectual, moral e técnico não desaparece em virtude da educação.

 Ferreira Neto (1999, p. 25) expõe, ainda, que

[...] uma Pedagogia aplicada no interior do Exército, está condenada a favorecer à manutenção da hierarquia e da disciplina militar [...]; a atender a especificidade institucional, isto é, todo componente pedagógico deve coadjuvar para elevar o nível de preparação da tropa para fazer a guerra; e a ser uma Pedagogia da ação prática.

Por meio dessas afirmações pode-se dizer que o Exército apresenta uma pedagogia organizada de modo a propor modificações ou aperfeiçoamento no nível intelectual, moral e físico dos seus integrantes, ou seja, visa à educação integral do indivíduo.[4] Esta pedagogia é formulada visando a alcançar os ideais da instituição, que apresenta como objetivo maior a preparação da tropa para o combate. Fundamenta nas ciências biológica e nas ciências sociais-humanas, à pedagogia,[5] apresenta como categoria central a experiência do “aprender fazendo” ou do “fazer para aprender”.[6] De acordo com Pinheiro (1933b), “[...] aprender na fórma educativa moderna é ter experiência”.

Percebe-se, desse modo, que “[...] os Regulamentos do ensino no Exército foram grifados por duas formulações: a objetividade do ensino e a praticidade dos métodos e processos” (FERREIRA NETO, 1999, p. 35). Estas formulações são características importantes da proposta pedagógica do Exército para a Educação Física.

Nesta pesquisa, entende-se como eixos doutrinários as grandes linhas orientadoras das práticas prescritas no Exército, as quais devem estar presentes em todas as manifestações da instituição. Esses eixos doutrinários são de grande importância, pois representam uma forma do Exército manter a sua coesão. Qualquer prática ministrada na instituição deve estar subordinada a estas linhas, apresentando desta forma uma certa uniformidade. Já os eixos pedagógicos são específicos para cada disciplina (matéria) e apresentam-se como linhas a serem seguidas, tanto na formulação das aulas como na sua execução, constituindo assim, uma forma de orientação da prática pedagógica dos professores. Assim como existem os eixos pedagógicos a serem aplicados na Educação Física, também existem os específicos para Matemática, Fisiologia, entre outras. Os eixos pedagógicos são subordinados aos eixos doutrinários, pois estes últimos orientam toda a concepção existente no Exército.

A compreensão desses eixos precede o conhecimento dos objetivos e práticas prescritas materialmente pelo impresso objeto e fonte da pesquisa, pois a partir de sua compreensão pode-se visualizar as aulas tendo em mente como era baseadas a sua formulação, para que eram destinadas e como se manifestavam para estar em consonância com a educação proposta pelos militares.

Os estudos realizados pelos militares tornaram-se indispensáveis para a discussão sobre a importância da Educação Física para o povo e, principalmente para o nosso, que era considerado uma “[...] sub-raça [...], uma multidão de indivíduos tristes de máu temperamento, nervosos” (PINHEIRO, 1933a). Além disso, nessa época, a Educação Física é vista como uma necessidade dos povos civilizados e sua adoção traria vantagens imediatas que refletiriam em todo o País e traria “[...] como conseqüência o acréscimo das forças produtivas, aumento considerável do rendimento do trabalho individual e coletivo, fechamento de hospitais e presídios, e a formação e melhoramento da nossa raça” (MOLINA, 1932). Com essa visão de evolução do povo brasileiro a Educação Física, ou seja, a prática de uma atividade que trabalharia os indivíduos como meio de aprimoramento da raça, tornou-se foco de intensos debates.

Sendo o Exército um pioneiro na utilização dos exercícios físicos, coube a ele auxiliar a sociedade brasileira na implantação da Educação Física. Nesse contexto, fez-se necessária então a escolha de um método que fundamentasse as práticas da Educação Física. Na impossibilidade de apresentar um método que fosse brasileiro, restou à Escola de Educação Física do Exército estudar todos os existentes e escolher o que melhor se apresentasse de acordo com os seus objetivos.

Segundo Molina (1932), 

O método a ser adotado deve ser geral, isto é, servir para qualquer idade ou sexo - com variantes, mas dentro de uma unica diretiva -; ser [fisiológico], isto é, basear-se no conhecimento perfeito das ações e reações organicas nas diferentes idades em face do exercicio fisico; ser atraente, meio psicologico e pedagogico, de obter-se a persistencia dos praticantes.

A todos esses requisitos satisfaz o método francês, daí sua adoção.

E’ este método cientifico-fisiologico e psicologico - idealizada para uma raça latina como a nossa que nós adotamos.

Esse método passa, então, a ser considerado o Regulamento Geral de Educação Física. Como cita Horta (1994, p. 67)

[...] este regulamento, que fora preparado por oficiais da Missão Militar Francesa e encaminhado ao Estado-Maior do Exército no início de 1932, era uma adaptação do Regulamento de Educação Física desenvolvido pela escola de Joinville e adotado pelo exército francês, [sic] ele predominará no Brasil até 1943.

A partir da escolha desse método coube ao Exército a sua divulgação e devidas adaptações, sendo que um dos meios utilizados para essa difusão foram as páginas da Revista de Educação Física do Exército.

Pode-se constatar, então, que a Seção Unidade de Doutrina apresenta propostas para a prática da Educação Física, fundamentadas no Regulamento Geral de Educação Física. Por meio desse Regulamento, é feita uma interpretação, que é divulgada pela Revista de Educação Física e colocada em prática pelos profissionais que ministram a Educação Física tanto no meio militar quanto no civil.[7]

Pela análise das propostas de ensino da Educação Física feitas pela Revista de Educação Física, verificou-se que

O ensino da educação física é ministrado sob a forma: de lições completas, abrangendo as sete famílias [Marchar; Trepar, escaladas e equilibrio; Saltar; Transportar e Carregar; Correr; Lançar; Atacar e Defender] com o objetivo de conseguir o desenvolvimento harmonioso do corpo; de sessões de jogos, destinada a substituir as lições uma ou duas vezes por semana, de sessões de esporte individuais e coletivos, que servem para o ensino e a prática de estilo e das regras e tática de cada um dêles, por fim, as sessões de estudo destinadas a preparar as lições completas de educação fisica geral e as desportivas (CAVALCANTI, 1932a).

As lições de Educação Física são reuniões de exercícios variados e combinados que interessam simultaneamente ou mesmo sucessivamente a todos os órgãos do corpo ou às suas grandes funções, tendo como objetivo o seu aperfeiçoamento e a sua melhoria. Todas as lições[8] iniciam-se por uma sessão preparatória, passando pela lição propriamente dita e terminando com a volta à calma.

Por meio da sessão preparatória se preparava o organismo para o esforço a ser executado na lição propriamente dita. A seguir vem a lição propriamente dita, a qual comporta um ou vários exercícios pertencentes ás sete grandes famílias. Por fim, a volta à calma impõe ao organismo retomar o seu estado inicial, através de marcha lenta com exercícios respiratórios, e termina com alguns exercícios de ordem, curtos e variados.

Os planos apresentados pela Escola de Educação Física do Exército para se ministrarem as aulas de Educação Física são bastante detalhados, incluindo desde a preparação material até a aula propriamente dita. “Toda lição de educação fisica deve ser preparada com antecedencia [...] nada deve ser improvisado; tudo deve ser previsto” (CAVALCANTI, 1932a). O caráter organizativo da aula é colocado em evidência da seguinte forma: “[... ] tal preparação material é a alma da lição completa e, sem éla, não se poderá satisfazer o principal principio - a continuidade” (CAVALCANTI, 1932b, grifo nosso).

A lição é contínua quando não é interrompida por repouso algum. Esta continuidade é necessária, porque o fim procurado não é sómente agir sobre cada orgão tomado separadamente, mas tambem, e principalmente, obter um efeito de conjunto sobre o organismo (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 1934, p.15).

Essa preparação antecipada das aulas e dos materiais que serão necessários à sua realização é de fundamental importância para que o princípio da continuidade seja cumprido.

Outro princípio a ser seguido para a composição das lições é que ela seja alternada, isto é, a lição deve ser composta por exercícios que mobilizem as partes superior e inferior do corpo.

Esse princípio, segundo Cavalcanti (1932b), serve 

 

[... ] para dar desenvolvimento harmonioso ao corpo pelo equilibrio do mesmo numero de exercicios de braços e pernas e dando ainda aos membros um relativo repouso durante o tempo de espera da execução do outro membro. Este modo de proceder evita a fadiga muscular que resultaria do trabalho continuado de uma mesma parte do corpo.

Deve haver uma grande atenção na escolha dos exercícios a serem trabalhados nas lições, os quais precisam ser selecionados e organizados de modo a respeitar aquele princípio.

A graduação da lição em intensidade e dificuldade constitui o terceiro princípio que, para ser alcançado, exige a organização de um plano geral de ensino, no qual são previstas lições mais intensas, compostas de elementos de dificuldade crescente.

De acordo com Cavalcanti (1932b),

Sua graduação em intensidade é atingida quando são seguidos no decorrer da lição a ordem das famílias dos exercicios onde essa exigencia está satisfeita. Aí encontram-se os exercicios classificados em ordem de energia crescente até, mais ou menos, a metade da lição propriamente dita, para depois decrescer até o fim da lição.

A atração da lição constitui o quarto princípio. “O método francês preconiza o ‘interêsse’, dizendo que a lição de educação física deve ser atraente” (PINHEIRO, 1933b, grifo do autor).

A lição é atraente quando os exercícios de cada família são freqüentemente variados, quando os jogos são introduzidos na lição no momento oportuno e quando o instrutor, por seu exemplo e sua atividade, sabe manter a alegria na sua escola (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 1934, p. 16).

Pode-se notar, por meio da observação da estrutura das aulas, que o Exército valoriza muito a utilização dos jogos, tanto nas lições aplicadas aos militares quanto nas propostas às crianças. Observa-se que a introdução dos jogos deve ser feita no “momento oportuno”, ou seja, quando o instrutor notar que sua classe demonstra um menor interesse pela aula.

Esse princípio da atração da lição é de grande importância e a sua execução depende do grau de habilidade do instrutor: “[...] só torna uma lição atraente, o instrutor que está integrado no seu papel e tem segurança de seu saber e conhecimento de seus alunos. Deste conhecimento resulta a introdução de meios destinados a tornar a lição agradável” (CAVALCANTI, 1932b).

Aguayo (1964) argumenta que a personalidade e as atividades mentais do professor contribuem para despertar o interesse e, em conseqüência, a atenção da criança. As atitudes e emoções do professor são muito contagiantes; logo, um professor alegre, animado, costuma ter alunos atentos e interessados.

De acordo com Ramos (1938, p. 52),

O instrutor deverá, pois, esforçar-se para tornar atraentes as sessões de trabalho físico, pela escolha judiciosa de exercícios variados, freqüentemente, pela introdução dos jogos no momento oportuno (no decorrer da lição), e principalmente, pela emulação e disposição para o trabalho, que provocará em sua turma.

Por fim, o Regulamento exige que a lição seja disciplinada, como último princípio. “A lição é disciplinada si os exercícios previstos são comandados sem hesitação, si se desenrolam normalmente e si são executados com a intensidade e a energia desejaveis por uma escola atenta” (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 1934, p. 16).

Segundo Dewey (1952), disciplina é quando o indivíduo sabe o que deve fazer e o faz prontamente, ou seja, mesmo quando uma atividade exige tempo, quando apresenta obstáculos e a persistência na sua realização é indispensável, então essa persistência seria uma forma de disciplina. A resistência frente às dificuldades para a realização de uma determinada atividade também é considerada disciplina. Ele completa dizendo: “[...] Disciplina significa energia à nossa disposição; o domínio dos recursos disponíveis para levar avante a actividade empreendida” (DEWEY, 1952, p. 180).

Esse princípio da disciplina é alcançado pelo saber do instrutor, “[...] cuja ilustração permite que ele não vacile na direção da lição pela confiança que impõe aos alunos que instrue, conseguindo, com habilidade, prender a atenção destes e incentiva-los á execução correta dos movimentos” (CAVALCANTI, 1932b).

Os princípios de continuidade, alternância, graduação, atração e disciplina devem estar presentes no planejamento das lições e devem existir também na sua efetivação. A presença destes eixos pedagógicos nas lições é de interesse fundamental, pois destes dependem o desenvolvimento das atividades e somente por meio do melhor andamento possível das aulas é que se pode atingir o fim previsto e desejado pelo Exército. O emprego destes princípios ocorre com a finalidade de “[...] desenvolver no espírito dos alunos qualidades de ordem geral que contribuem para o enriquecimento de suas qualidades morais” (CAVALCANTI, 1932b), moldando-os, dessa forma, de acordo com as exigências do Exército.

Como cita Rolim (1935, p. 35), “[...] a educação física póde ser considerada não só como uma preparação física para a guerra, como também uma preparação moral, visto como a vida do soldado em campanha consiste, tanto em resistir á fadiga como em vencer os sofrimentos e em desprezar os perigos”.

Pode-se perceber a preocupação do Exército com a educação moral e não somente com a preparação física dos indivíduos por meio das aulas de educação física. Este pensamento faz parte de um projeto mais amplo que, por meio de todas as disciplinas, pregava a educação integral do ser humano, estando de acordo com o plano de transformação social em vigor. Seria somente pela educação que se poderia regenerar a raça, formando indivíduos capazes de defender a pátria.

Esses eixos também devem ser interpretados como meio de se aplicar às aulas de Educação Física coerentemente com o que o professor espera desenvolver nos alunos, ou seja, com o devido respeito a esses eixos pedagógicos na realização das aulas, elas apresentarão um objetivo a atingir e apresentarão um fim coerente, não esquecendo as necessidades dos educandos e seus interesses.

Considerados base para a fundamentação das lições e eixos pedagógicos específicos para aplicação na Educação Física, a continuidade, a alternância, a graduação, a atração e a disciplina devem estar presentes na execução de todas as aulas de Educação Física, sejam elas ministradas em escolas militares, sejam em escolas civis. Esses princípios apresentam-se subordinados aos eixos doutrinários existentes no Exército, os quais orientam toda a concepção institucional. São eles: a hierarquia, a ordem e a disciplina.

A educação militar considera fundamental o princípio da disciplina, que é a completa submissão aos preceitos regulamentares e a obediência, sem hesitação, ao oficialato. De acordo com a doutrina do Exército, a disciplina é um desdobramento das forças físicas, morais, intelectuais e psicológicas. Sendo assim, as propostas pedagógicas aplicadas no Exército e sugeridas por ele tendem a favorecer a utilização da hierarquia, da ordem e da disciplina, que estão mutuamente relacionadas.

 

AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA MILITARES E AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA CIVIS

Há sensíveis diferenças na maneira como é encarada a Educação Física nas escolas e no meio militar. “As atividades físicas no meio militar visam, em última análise, a preparação do soldado para a guerra” (RAMOS, 1953, p. 3). Objetivam que o soldado atinja elevado grau de aperfeiçoamento físico e de bem-estar moral, que são condições indispensáveis ao melhor desempenho de suas funções profissionais, por meio de processos bastante objetivos (RAMOS, 1953).

Esta seção, Unidade de Doutrina, no que se refere à Educação Física Militar, propõe-se a divulgar uma orientação[9] a ser dada a esse ramo educacional, visto que “[...] a educação física nos corpos de tropa tem dado margem a interpretações que não estão de acordo nem com a letra, nem com o espírito do Regulamento” (REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 1933).

A Educação Física militar divide-se em duas partes bem distintas: a primeira consiste de Educação Física geral, por meio da qual se preparam ou mesmo se aperfeiçoam fisicamente os jovens, fornecendo meios para se adaptarem às funções do soldado; na segunda parte, o treinamento físico é relativo às diversas especialidades, destinado a facilitar a tarefa dos combatentes nas suas diversas funções.

A primeira parte é formada pela execução do Regulamento Geral de Educação Física, com algumas modificações feitas para que os exercícios pudessem ser adaptados aos valores físicos diversos dos incorporados, de modo que esses sejam nivelados fisicamente o mais cedo possível, para suportarem as exigências da nova vida. Já a segunda parte apresenta-se mais particularizada. É a aplicação das adaptações profissionais de que trata o Regulamento Geral direcionado para o militar.

Esse “[...] treinamento físico das diversas especialidades tem por fim a preparação física, visando dirétamente o combate, com o equipamento, a carga, o armamento pelas prescrições contidas nos Regulamentos da Armas” (REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 1933).

A Educação Física no âmbito escolar constitui uma oportunidade da educação. Ela “[...] constitui a pedra fundamental, integrante e indissociável da educação geral. Nêle, por meio de exercícios apròpriados e recreação, procura-se desenvolver as aptidões físicas, morais, mentais e sociais do aluno” (RAMOS, 1953, p. 3). Conforme Magalhães (1939, p. 1), “[...] educar fisicamente a mocidade é prepara-la para a prática da obediência e da disciplina”.

O método de educação física a ser ministrado aos escolares deve ser higiênico. Deve visar em primeiro lugar ao bom andamento do crescimento e desenvolvimento infantil e em segundo lugar deve se preocupar com o desenvolvimento das funções orgânicas e com o aperfeiçoamento da coordenação dos movimentos.

O sistema de Educação Física a ser utilizado nas escolas deve ser então, higiênico e prático, sempre que possível ministrado ao ar livre, utilizando os movimentos na busca de generalizar o trabalho para todas as partes do corpo: exercícios destinados a ativar a circulação, e a melhorar a função respiratória pela amplitude dos movimentos respiratórios obtidos por via reflexa (REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 1938). 

Nesse contexto, a Educação Física deve ser corretiva para permitir combater as más atitudes escolares e deve também se apresentar de forma recreativa, dedicando um lugar considerável aos jogos.[10]

Para executar a educação física nas escolas era necessário, em primeiro lugar "realizar um grupamento homogêneo feito por um médico, segundo a idade fisiológica dos indivíduos. Seria um êrro submeter aos mesmos exercícios, creanças cujo valor físico é totalmente diferente” e "a segunda etapa na execução da educação física é a adaptação dos exercícios, jogos ou aplicações conforme os grupos de alunos” (REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 1938, p. 36).

O grupamento dos alunos era feito com apoio em bases fisiológicas e na experiência prática da educação física da seguinte forma: educação física elementar, educação física secundária e educação física superior. Cada uma delas assim se organiza: educação física elementar: primeiro grau com crianças de 4 a 6 anos; segundo grau com criança de 6 a 9 anos; terceiro grau com criança de 9 a 11 anos; quarto grau com criança de 11 a 13 anos. Educação física secundaria: primeiro grau com adolescentes de 13 a 16 anos; segundo grau com rapazes e moças de 16 a 18 anos. Educação física superior: adultos de ambos os sexos de mais de 18 anos. (REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 1938)

Segundo a Revista de Educação Física (1938), para as crianças de 4 a 6 anos deveriam ser ministrados exercícios mímicos, jogos e pequenas evoluções; para as de 6 a 9 anos, pequenas evoluções, rodas cantadas, jogos e movimentos de iniciação, exercícios educativos e corretivos, pequenos jogos coletivos e jogos respiratórios; para as de 9 a 11 anos seriam aplicadas evoluções, movimentos educativos e corretivos, educação respiratória, pequenos jogos coletivos, preparação para as aplicações e natação; para as de 11 a 13 anos, evoluções, movimentos educativos e corretivos, educação respiratória, pequenos jogos coletivos, aplicações elementares e natação; de 13 a 16 anos o programa é realizado com maior intensidade, iniciando a preparação para a prática esportiva, já com 18 anos a Educação Física tem basicamente cunho esportivo e atlético.

Vemos que as lições focalizam um lugar de destaque aos jogos. Sendo assim, o jogo torna-se um instrumento importante para a prática da Educação Física infantil, tornando-se indispensável. Nele o professor deverá sempre buscar apoio.  

A atração dos exercícios nessas lições de Educação Física aplicadas na escola é alcançada pela alternância dos movimentos com a utilização de pequenos jogos individuais ou coletivos. Dessa forma, “[...] na motivação do trabalho escolar é preciso não esquecer a idade e o desenvolvimento físico e mental dos alunos e a necessidade de formar atitudes, hábitos e habilidades que a vida numa sociedade civilizada impõe e exige” (AGUAYO, 1964, p. 64).

Segundo Aguayo (1964, p. 63-64),

O trabalho escolar está bem motivado quando satisfaz uma necessidade do educando, quando visa a um fim que êle deseja atingir ou dá alguma capacidade que deseja possuir [... ] em qualquer caso, porém, desde que o jovem compreenda a relação existente entre o trabalho escolar e o fim colimado, a aprendizagem está motivada. E quanto mais nítida seja essa compreensão e mais intenso o desejo de alcançar o objetivo, mais eficaz será, provavelmente, o resultado da aprendizagem.

Deve-se destacar que tanto as lições aplicadas na escola como as aplicadas no exército apresentam os mesmos eixos fundamentais e se organizam da mesma forma, começando pela lição preparatória, passando à lição propriamente dita e encerrando com a volta à calma. No entanto, a distinção entre elas pode facilmente ser feita pela observação do impresso.

 

PEDAGOGIA E EDUCAÇÃO FÍSICA: A CONTRIBUIÇÃO DO EXÉRCITO E DE EDOUARD CLAPARÈDE

Analisando o método de ensino sistematizados pelos militares, sobretudo, no que concerne as características relevantes das representações práticas dos eixos pedagógicos, ou seja, a partir do momento em que os eixos pedagógicos (continuidade, alternância, graduação, atração e disciplina) fossem colocados em prática nas aulas, essa assumiria determinadas características, é possível realizar algumas aproximações com a Educação Funcional, proposta por Edouard Claparède.

Médico e psicólogo suíço, Edouard Claparède (1873-1940) sofreu influência tanto da filosofia quanto da ciência da época. Seus estudos sobre Psicologia na infância são considerados pioneiros na Suíça.

Estudioso dos processos psicológicos do ponto de vista funcional, publicou em 1909 uma de suas obras mais conhecidas: Psychologie de l’enfant et pédagogie expérimentale. Juntamente com Pierre Bovet, fundou o Instituto Jean-Jacques Rousseau em 1912, orientado para a formação de educadores, a realização de pesquisas nas áreas de Psicologia e Pedagogia, e o incentivo às reformas educativas baseadas na Escola Nova, que defendia desde 1899, quando foi co-fundador da Liga Internacional pela Escola Nova. Em 1924, colaborou na fundação da Escola Internacional de Genebra e, no ano seguinte, do Bureau Internacional de Educação, atualmente integrado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco (CAMPOS, 2001, p. 135).

Suas obras favoreceram o desenvolvimento de duas importantes linhas educacionais do século 20: a Escola Nova, cuja representante mais conhecida foi Maria Montessori, e o cognitivismo de Jean Piaget, que foi seu discípulo.

Com sua formação em medicina, Claparède, pretendeu fazer uma teoria científica da infância. Em seus estudos propunha que o ensino deveria se basear no conhecimento das crianças; pregava que a educação deveria deixar de ter o professor como centro do ensino, passando ao educando este lugar. Claparède criticava a escola de seu tempo e seus argumentos eram os mesmos do filósofo norte-americano John Dewey. Ambos pregavam a escola “ativa”, na qual a aprendizagem deveria ocorrer pela resolução de problemas, essa idéia era também compartilhada pelos educadores do movimento da Escola Nova, todos eles defendiam a prioridade da educação sobre a instrução, o saber não teria um fim em si mesmo e não teria um valor funcional. Claparède ressaltava ainda a necessidade de se estudar o funcionamento da mente das crianças e de estimulá-las a um interesse ativo pelo conhecimento.

Esse autor possui características relacionadas ao Funcionalismo, que é considerado um movimento da psicologia. Como cita SCHULTZ; SCHULTZ (2001, p. 123)

A psicologia funcional, como sugere o nome, interessa-se pela mente tal como esta funciona ou é usada na adaptação do organismo ao seu ambiente. O movimento funcionalista concentrou-se numa questão prática: o que os processos mentais realizam? Os funcionalistas estudavam a mente não do ponto de vista de sua composição (uma estrutura de elementos mentais), mas como um conglomerado de funções ou processos que levam a conseqüências práticas no mundo real.

Esse movimento foi muito influenciado pela teoria da evolução, escrita por Charles Darwin. A obra deste autor inspirou alguns psicólogos a considerar as possíveis funções da consciência, deste modo a psicologia estava voltando para o modo de funcionamento do organismo em sua adaptação ao ambiente. Sendo assim, “[...] a psicologia funcional é o estudo do organismo em uso” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2001, p. 158).

Com todas essas influências e correntes de pensamento Edouard Claparède desenvolveu suas pesquisas na área educacional e defendia a Educação Funcional, que segundo o autor, é

[...] a educação que se propõe desenvolver os processos mentais considerando-os não em si mesmos, e sim quanto à sua significação biológica, ao seu papel, à sua utilidade para a ação presente ou futura, para a vida. A educação funcional é a que toma a necessidade da criança, o seu interêsse em atingir um fim, como alavanca da atividade que se deseja despertar nela (CLAPARÈDE, 1958, p. 1).

. A partir do entendimento da Educação Funcional proposto pelo autor é possível realizar uma comparação com as características concernente aos eixos- doutrinários e das aulas de Educação Física. Uma das primeiras aproximações possíveis refere-se ao a a ser atingido nas aulas. Dessa maneira, a educação física infantil[11] terá por fim desenvolver as grandes funções: respiratória, circulatória, articular; deverá também educar a coordenação nervosa; corrigir as atitudes defeituosas e auxiliar no desenvolvimento da criança principalmente pelo exercício atraente e deve também explorar sua capacidade de imitação (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 1934b).

Esta característica é destacada por Claparède (1958, p. 34), quando evidencia que “[...] tôda ação prática, a educativa especialmente, apresenta um fim a atingir; êsse fim leva à pesquisa de meios”. Destaca assim a importância do método funcional que “[...] é útil porque só êle nos permite perceber os processos em função da conduta que devem determinar. E, na prática, sòmente êle nos mostra o valor de um processo com relação ao fim a atingir” (CLAPARÈDE, 1958, p. 34). Pode-se entender estas citações de duas formas, uma delas é que a partir de um objetivo proposto pela aula devem ser escolhidos exercícios que levem a realização deste, fazendo uma ligação com os eixos pedagógicos percebe-se que eles deverão ser utilizados como referência para a escolha e realização dos exercícios para que o objetivo da aula seja alcançado. Outra interpretação pode ser feita no âmbito mais global, ou seja, sendo a Educação Física uma forma educacional, cabe a pesquisa de meios para que a aprendizagem ocorra com maior facilidade, sendo assim, volta-se novamente aos eixos pedagógicos, os quais podem ser interpretados como meios para que a ação educativa da Educação Física alcance seu objetivo. Essas duas configurações aparecem na Revista de Educação Física e tornam-se indícios da ligação da Educação Física com a Educação Funcional.

Outra característica revelada pela análise das propostas de aula é o valor remetido à experiência. Considera-se fundamental para a aprendizagem o contato prático dos alunos com o conteúdo proposto, ou seja, a experiência do “aprender fazendo” ou do “fazer para aprender”.

Nota-se pelas propostas de aulas para a Educação Física infantil que elas apresentam basicamente cunho prático, possuindo exercícios variados e sessões de jogos. Essa característica da aula é também um meio de pôr em prática a educação, pois, como cita Claparède (1959) a experiência é uma forma de se colocar à prova os meios articulados teoricamente e pode, além disso, conduzir à soluções do problemas com um contato real com a prática. A experiência é pois, uma boa forma de gerar conhecimento.

A proposta pedagógica do Exército apresenta também como característica fundamental a utilização dos jogos, colaborando com o princípio do interesse, o qual se apresenta como princípio pedagógico e constitui a base da educação funcional. Pode-se notar por meio da observação da estrutura das aulas que o Exército valoriza muito a utilização dos jogos. Na aula de Educação Física no ciclo elementar os jogos fazem parte da lição e também, uma ou duas vezes por semana, o instrutor deveria substituir a lição de Educação Física por sessões de jogos. A educação funcional atribui grande importância na utilização dos jogos como forma de despetar o interesse na criança. Esta considera o jogo uma das principais necessidades da criança e a forma que reconcilia a escola com a vida dos alunos, como cita Claparède (1958, p. 146) “[...] Seja qual fôr a tarefa que desejeis que a criança execute, se encontrardes o meio de apresentá-la como um jôgo, será suscetível de produzir tesouros de energia”.

Claparède (1958, p.147) enfatiza ainda que “o jogo é, pois, para a realização prática da escola ativa, de importância capital. É êle que nos permitirá realizar nas classes o princípio funcional”. O jogo é utilizado amplamente nas propostas de aulas analisadas e é também discutido em muitos textos publicados na Revista de Educação Física, sendo assim torna-se mais um vestígio da base funcional da proposta pedagógica do Exército para a Educação Física.

O método sistematizado pelo Exército também propõe a adaptação dos processos educacionais pela forma de grupamento homogêneo dos indivíduos e também a adaptação do exercício ao valor físico, como já foi citado, o grupamento dos alunos é feito com apoio em bases fisiológicas e na experiência prática da Educação Física, dividindo em Educação Física Elementar (com crianças de quatro a seis anos; seis a nove anos; nove a onze anos e onze a treze anos); Educação Física Secundária (com indivíduos de treze a dezesseis anos e dezesseis a dezoito anos) e Educação Física Superior (com indivíduos com mais de dezoito anos). A partir dessas divisões, nota-se uma separação de conteúdo a serem ministrados de acordo com cada subgrupo. A adaptação dos processos educacionais também é uma característica relevante da Educação Funcional, segundo ela deve-se considerar a modificação dos interesses dos indivíduos no decorrer de sua vida. Como expõe Meylan (1959) o interesse dos indivíduos varia com a sua idade, sendo que em cada fase observa-se um ou dois interesses dominantes, portanto a educação para ser funcional deve estar de acordo com os interesses da criança, deve considerar esses interesses predominantes em determinadas idades. Essa proposta educacional deixa transparecer a necessidade de se conhecer a criança e, a partir daí, procurar ajuda-la, se inserindo nesse propósito a adaptação dos processos educacionais.

As práticas educativas sistematizadas pelo exército também atribuem grande importância ao professor para o melhor andamento das aulas. Segundo CAVALCANTI (1932b) “[...] a turma é o reflexo do instrutor e, um instrutor entusiasta e apaixonado pelo assunto que transmite, é, em geral, bem sucedido. O instrutor é o espelho dos seus alunos. Uma classe sem vivacidade denota a insuficiência do instrutor que a dirige”. Em Claparède (1958) na educação funcional o mestre deve se apresentar como um “estimulador de interesse” e sua maior virtude deve ser o entusiasmo, ele não deve procurar somente formar a inteligência dos seus alunos e sim despertar as suas necessidades intelectuais e morais.

Essas são algumas das características levantadas no decorrer do estudo, que se apresenta como uma forma de comparar a Educação Física do Exército com a Educação Funcional. Além dessas características propostas a análise, escolheu-se também algumas citações de textos publicados na Revista de Educação Física para comparações com passagens escritas pelo autor Edouard Claparède.

Inácio de Freitas Rolim[12], em um de seus textos se refere ao interesse, tão discutido no método adotado pelo Exército e também amplamente debatido na Educação Funcional “[...] Essa aparente escolha que a criança faz, ou essa necessidade que ela sente por um determinado estimulo num momento dado de sua vida, constitue aquilo que se póde chamar de seu ‘interesse’” (ROLIM, 1933, p. 3). Claparède expõem que “o interêsse, dissemos, não é nada de misterioso. [...] É simplesmente o nome que dou à causa ou à coordenação de causas que provocam a conduta predominante num momento dado” (CLAPARÈDE, 1958, p. 57, grifo do autor). Claparède cita ainda que “[...] a ação tem sempre como causa a presença de uma necessidade e, como função a satisfação dessa necessidade” (CLAPARÈDE, 1958, p. 143).

Pode-se perceber que essas duas citações apresentam pontos em comum, que discutem sobre o interesse das crianças para a realização de atividades, e a partir dessa escolha ou necessidade da criança podem ser propostas formas de trabalhar, sabendo utilizar seu interesse de acordo com as fases de sua vida.

Rolim cita em seu texto que o jogo apresenta grande importância na vida das crianças, segundo o autor

A psicologia demonstra com efeito, a considerável importância do jôgo, do brinquedo, na vida da criança. Ela nos ensina que o jogo preenche no espírito infantil, a função que no adulto, se deve habitualmente ao trabalho. As noções de obrigação moral, de dever, de necessidade social, de necessidade material, que não existem na criança, estão nelas substituídas pela função do jôgo. Do instinto de brincar é que a criança extráe as energias que o instinto de conservação social oferece ao adulto. Ao colocar o amor em jôgo ou a tendência ao jôgo, na alma da criança, a natureza a armou admiravelmente contra a sua própria incapacidade de interessar-se pelas realidades da vida (ROLIM, 1933, p. 4).

Segundo Claparède o jogo é para a criança como um pré-exercício sob o aspecto longitudinal, com relação ao seu futuro, ou seja, o que virá a ser mais tarde, mas o jogo é também considerado funcional sob o aspecto transversal, isto é “[...] com relação às necessidades da criança, porque lhe dá uma satisfação atual e imediata e é ‘satisfazendo necessidades presentes que o jogo prepara para o futuro’” (CLAPARÈDE, 1958, p.25-26). Rolim destaca ainda

[...] O ato instintivo do jôgo e do brinquedo provém da necessidade imperiosa de agitação que leva a criança a exercer por todos os meios essa atividade, No jôgo a criança encontra o principal aparelho por meio do qual ela póde satisfazer completamente os interesses que a solicitam nas diferentes fáses de sua vida (ROLIM, 1933, p. 3).

Destaca-se nos dois autores a vontade de legitimar a utilização dos jogos nos trabalhos envolvendo crianças. Esse incentivo à utilização de jogos fica claro em vários textos publicados na Revista de Educação Física.

Ivanhoé Gonçalves Martins, outro importante autor da Revista de Educação Física, cita em um de seus textos sobre a Educação Física Infantil

Mas a creança precisa de movimento livre. A escola ativa, da vontade consciente é a realidade moderna.

Damo-lhes essa liberdade pelo dinamismo dos jogos, isto é, pelo brinquedo.

O jogo é antes de mais nada a verdadeira expressão da alma infantil. Realizado num ambiente alegre, constitue um excelente meio para que a creança persista cada vez mais na prática salutar do movimento. Levado quasi que por uma necessidade de ordem afetiva, pela impulsão de suas tendências, a creança encontra no jogo e no brinquedo a sua verdadeira ambientação (MARTINS, 1933, p. 35-36).

Nota-se nessa época a grande utilização de referências da Escola Ativa, que como já foi citado, apresenta como principais defensores Edouard Claparède e John Dewey.

Assim a partir dos levantamentos feitos nesse capítulo, encontram-se alguns indícios da ligação da Doutrina do Exército para a Educação Física no Brasil relacionada a estudos sobre Educação Infantil que estava sendo discutido mundialmente. Dentro desses vestígios encontrados tentou-se fazer uma ligação mais específica com a Educação Funcional, que acreditava numa escola ativa, no qual o educando seria o centro do processo educativo e o saber se daria de forma ativa de acordo com os interesses dos mesmos. Isso não significa, como cita Claparède (1958), que os alunos só iriam aprender o que eles gostassem, mas seriam incentivados a gostar de tudo que fossem aprender.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se neste estudo que os eixos científico-pedagógicos propostos pelo Exército como forma de disseminar a Educação Física na sociedade brasileira são a continuidade, a alternância, a graduação, a atração e a disciplina. Estes se apresentam como linhas orientadoras da prática pedagógica dos professores, tanto no momento da preparação das aulas como no momento de sua realização. O alcance dos objetivos das aulas depende muito da aplicação destes eixos, os quais estão de acordo com os interesses institucionais, que apresenta como meta, a preparação do indivíduo para defender a pátria. Observou-se ainda que esses eixos científico- pedagógicos estão presentes tanto na Educação Física aplicada no meio militar quanto na sociedade civil. Estes eixos encontram-se subordinados às grandes linhas doutrinárias existentes no Exército: a hierarquia, a ordem e a disciplina, as quais orientam toda ação institucional. Estas linhas devem se manifestar em todas as práticas feitas no Exército, sendo que, por meio delas, procura-se manter uma certa uniformidade dos métodos.

As características detectadas nas lições foram que as aulas devem apresentar um fim a atingir; devem dar grande valor à experiência, ou seja, o contato prático do aluno com os exercícios; devem dar valor a utilização dos jogos no decorrer das aulas; devem adaptar os processos educacionais aos alunos e também atribuem muita importância ao professor. Essas características puderam aqui ser comparadas com a Educação Funcional e encontrou-se vestígios de essas se apresentarem fundamentadas nesse movimento revolucionário do ensino, no qual o educando deixaria de ser visto como mero receptor de conhecimento para se encontrar no centro da prática educativa. Sendo assim, destaco essa ligação, que creio não estar somente baseada na Educação Funcional, mas nela também, havendo a contribuição de vários autores que colaboraram para essa nova visão de Educação no mundo, como Rousseau, John Dewey.

Levantou-se também, de forma indiciária (GINZBURGb, 1989), algumas passagens de textos veiculados na Revista de Educação Física, de autores com expressividade na escrita de artigos relacionados a Educação Física e infância e procurou-se comparar com citações de Edouard Claparède, apontando com essa comparação alguns pontos convergentes dos textos, dando indícios de uma base pedagógica fundamentando as aulas de Educação Física preparadas segundo o método de trabalho utilizado pelo Exército.

Deve-se destacar também que além dessas bases no campo da pedagogia moderna o Exército utiliza seus preceitos de formar um novo homem para fundamentação de sua prática. Mesmo no ambiente escolar a Educação Física deve contribuir para o objetivo maior do Exército, que se constitui em formar cidadãos para defender a pátria e mesmo colaborar para que esses cheguem mais bem preparados ao serviço militar e com maior patriotismo.

Pode se perceber que a pedagogia do Exército apresenta o objetivo de desenvolvimento integral do indivíduo existindo a preocupação não somente com o desenvolvimento físico, mas com o desenvolvimento intelectual e moral por meio de suas atividades. Somente com uma educação integral das pessoas poderia se regenerar a raça. Essa preocupação da regeneração da raça pode ser mais um indício da utilização pelo Exército da teoria de Edouard Claparède, que baseou os seus estudos na teoria de Charles Darwin (teoria da evolução das espécies). A teoria pedagógica de Claparède é baseada na psicologia influenciada pela biologia e o evolucionismo.

O Exército se preocupou com a disseminação da Educação Física na sociedade brasileira no início da trajetória dessa disciplina no Brasil. Destaca-se também que essa intervenção na área ocorreu com uma grande preocupação de método e fundamentação teórica, que pode ser observada, pelo envolvimento dos oficiais, seja pelos cursos que faziam, pelas visitas fora do país com intuito de trazer novidades para se aplicar no Brasil, ou mesmo intercambio de monitores estrangeiros, trazendo contribuições para o método adotado. Pode-se então perceber que a Educação Física, desde sua implantação no nosso meio, apresenta pistas, sinais e indícios (GINZBURG, 1989b) de fundamentação teórica coerente com a Educação geral.

 

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UNIDADE de doutrina: educação física militar. Revista de Educação Fisica, Rio de Janeiro, ano 2, n. 5, [s. p.], fev. 1933.

 

7 Aí reside uma polêmica que necessita ser enfrentada com rigor teórico-metodológico em nossa área. O projeto e as prescrições para a área de Educação Física que foram interpretados como sendo exclusivamente produção militar, quando utilizado o referencial ginzburguiano acima referido, obtém-se uma idéia da convivência material de militares e civis dentro do impresso de cordialidade, cooperação e complementaridade em favor da “causa nacional da Educação Física”. Posição similar é compartilhada por Oliveira (2001) ao estudar a Revista Brasileira de Educação Física e Desportos durante a ditadura militar (1968-1984).

11 A Educação Física infantil se apresenta para o Exército como Educação Física Elementar, destinada as crianças de 4 a 13 anos, mais ou menos e divide-se em sub-períodos ou graus (4 a 6, 6 a 9, 9 a 110



[1]   MAIA, Ediane de Melo, FERREIRA NETO, Amarílio. Revista de Educação Física: uma análise científico pedagógica da seção Unidade de Doutrina (1932-2002). Relatório Final.

[2]   Ver: SCHNEIDER, Omar. A Revista de Educação Física (1932-1945): estratégias editoriais e prescrições educacionais. 2003. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação História Política Sociedade, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,

  1. AROEIRA, Kalline Pereira. Currículo e formação docente em periódico de Educação Física.
  2. Dissertação (Mestrado em Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares) - Programa de Pós- Graduação em Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares, Universidade de São Paulo, São Paulo,
  3. SANTOS, Wagner dos. Avaliação na Educação Física Escolar: do mergulho a intervenção.
  4. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. NASCIMENTO, A. C. S. Editoração de periódicos científicos no campo da Educação Física. In: XIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, 2003, Caxambu. XIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, 2003. BERMOND, Magda Terezinha; FERREIRA NETO, Amarílio. Revista de Educação Física: uma análise do processo de ensino na seção lição de educação física (1932-2002). In: JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 13.,2003, Vitória. Caderno de Resumos. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2003. p. 42.
  5.  

[3] A Escola Ativa não foi defendida unicamente por esse autor, sendo que aqui só ele está citado, pois serão abordados no estudo somente os seus livros, para a discussão sobre essa proposta.

 

[4]  No que concerne à Educação Física, vemos que o exercício físico, como cita Molina (1932) “[...] desenvolve a força, a dextresa, a resistencia, a velocidade, a harmonia de formas, a coragem, a audacia, o sangue frio, a tenacidade, em quatro palavras: a tempera de carácter”, ou seja, ele não contribui somente para o desenvolvimento físico.

[5]  As disciplinas que ofereciam suporte teórico à prática da Educação Física eram: a Biologia, a Sociologia, a Psicologia, a Filosofia e a História. O aporte teórico articulado a partir de tais disciplinas repercutiria na concepção de Pedagogia, Didática e Metodologia aplicadas à Educação Física. Ver: MARINHO, Inezil Penna. Conceito bio-sócio-psico-filosófico da educação física em oposição ao conceito anátomo-fisiológico. Revista Brasileira de Educação Física, Rio de Janeiro, ano 1, n. 2, p. 23-38, fev. 1944. E também: MARINHO, Inezil Penna. Pedagogia, didática e metodologia: estudo das características próprias a cada qual. Arquivos da ENEFD, Rio de Janeiro, ano 6, n. 6, p. 23-46, jan. 1953.

[6]  Existe no Exército nessa época um esforço de modernização do ensino, pelo qual deve-se privilegiar o ensino prático sobre o teórico. Mais detalhes em: FERREIRA NETO, Amarílio. Os militares e a Educação.

In:_____ .

 A pedagogia no exército e na escola: a educação física brasileira (1880-1950). Aracruz, ES:

FACHA, 1999. p. 25-40.

[7]

 

[8]  Todavia, nas lições, os objetivos, conteúdos, metodologia, recursos físicos, materiais didáticos e avaliação são diferentes conforme a instituição: Exército ou escola. Essa assertiva pode ser conferida no impresso tanto na descrição das lições como nas imagens (fotografia e crokiart).

 

 

 

 

 

[9] Um indício de que a orientação era verdadeira é que só o oficial Jair Jordão Ramos publicou 53 artigos na Revista de Educação Física, entre 1936 e 1979, sendo a maior parte deles dedicada à explicitação do projeto pedagógico do Exército para a tropa.

 

[10] A importância dos jogos é expressa em 31 artigos publicados entre janeiro de 1933 e julho de 1958 por militares e civis. Os oficiais Antônio Pereira Lira, Ivanhoé Gonçalves Martins, Inácio de Freitas Rolim, Jair Jordão Ramos, José de Almeida Neves, Ilídio Romulo Colônia e o sargento C. B. Lobo escreveram treze artigos. Já os civis Arthur Ramos, Mario Filho, Jair da Graça Raposo, Ilídio Alcântara Abade, Haydée Costa, Otávio Gonsaga e Neusa Feitál escreveram dez artigos. Ainda foram localizados oito artigos não assinados. Aqui se observa mais um sinal de que o trabalho de definição, explicação e prescrição de práticas corporais tanto para civil quanto para militar é feito por cooperação mútua desses segmentos da sociedade. Há evidências no impresso de que, à medida que vão se formando os profissionais civis, os militares vão se afastando da discussão afeta à escolarização do componente curricular Educação Física.

 

[11] a 13) (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 1934b).

 

[12]  Importante autor presente na Revista de Educação Física, apresentando diversos artigos publicados, sendo que o jogo e Educação Física Infantil são assuntos correntes em seus textos.

 

Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Física (PROTEORIA), http://www.proteoria.org
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Prévia do artigo SCHNEIDER, O. Entre a ginática e o esporte: tensões e resistência à esportivização da Educação Física - um estudo a partir da revista Educação Physica (1930-1940). In: III Congresso Brasileiro de História da Educação, 2004, Curitiba. A Educação em perspectiva histórica. Curitiba : Universidade Federal do Paraná, 2004. v. 1. p. 1-16 SCHNEIDER, O. ; FERREIRA NETO, Amarílio ; SANTOS, Wagner dos . Autores, atores e editores: os periódicos como dispositivos de conformação do campo científico/pedagógico da educação física . In: XIV Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte e I congresso Internacional de Ciências do Esporte, 2005, Porto Alegre. Educação Física e Ciências do Esporte: ciências para a vida. Porto Alegre : Colégio Brasileiro de Ciencias do Esporte, 2005. v. 1. Próximo artigo
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SCHNEIDER, Omar; Bruschi, Marcela. A Revista de Educação e a escolarização da educação física no Espírito Santo: autores, atores e editores (1934-1937) In: VII Congresso Brasileiro de História da Educação, 2013, Cuiabá. Circuitos e fronteiras da história da educação no Brasil. 2013. 1 CD-ROM ISSN:2236-1855
Marcela Bruschi
SCHNEIDER, Omar; BRUSCHI, Marcela; SANTOS, Wagner dos; FERREIRA NETO, Amarílio. A Revista de Educação no governo João Punaro Bley e a escolarização da Educação Física no Espírito Santo (1934-1937). Revista brasileira de história da educação, Campinas, v. 13, n. 1 (31), p. 43-68, jan/abr 2013
Marcela Bruschi