SCHNEIDER, O. Entre a ginática e o esporte: tensões e resistência à esportivização da Educação Física - um estudo a partir da revista Educação Physica (1930-1940). In: III Congresso Brasileiro de História da Educação, 2004, Curitiba. A Educação em perspectiva histórica. Curitiba : Universidade Federal do Paraná, 2004. v. 1. p. 1-16
ENTREA GINÁSTICA E O ESPORTE: TENSÕES E RESISTÊNCIAS À ESPORTIVIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA – UM ESTUDO A PARTIR DA REVISTA EDUCAÇÃO PHYSICA (1932-1945)[1]
Omar Schneider[2]
Apresentação
No Brasil, o impresso, já há algum tempo, é percebido como uma alternativa viável para se compreender o campo pedagógico, mas esse interesse não é novo, como lembra Catani (1997), pois se podem perceber, desde o final do século XIX (na França), estudos questionando o papel que esse objeto desempenha na formação do professorado. De acordo com a autora, a compreensão sobre a necessidade de sistematizar os conhecimentos distribuídos por meio da imprensa periódica tem mobilizado pesquisadores de vários países, pois se tem atentado que a imprensa periódica constitui-se como “[...] um testemunho vivo dos métodos e concepções de uma época e da ideologia moral, política e social de um grupo profissional” (CATANI, 1997, p. 5).
Algun sestudos vêm buscado acompanhar o próprio processo de constituição da imprensa, centrando atenção nas representações veiculadas, nos personagens envolvidos e nos grupos que se formam em volta desse veículo.[3] Desse modo, a palavra impressa, seus suportes e prescrições passam a ser percebidas não apenas como registro do que aconteceu, mas como parte constituinte do acontecimento.
Para Darnton (1997), a imprensa deve ser compreendida como uma força ativa na história, ajudando a dar forma aos eventos que registra e como um dos principais ingredientes de construção de novas culturas. Escrevendo sobre periodismo e vida urbana, Cruz (2000) diz que a palavra impressa é um dos principais lugares em que se pode verificar a disputa entre o velho e o novo. Segundo a autora, a imprensa coloca-se “[...] como um campo privilegiado da disputa cultural” (CRUZ, 2000, p. 81). Conforme Davis (1990, p.159), o impresso não deve ser compreendido apenas como uma fonte de informações, de idéias de imagens, mas acima de tudo como um mensageiro de relações, o qual possui como “[...] característica mais marcante [...] [o] papel de formador de opinião”.
No estudo se busca discutir o movimento de esportivização da Educação Física entre as décadas de 1930 e 1940. A fonte utilizada para tanto é a revista EducaçãoPhysica, impresso comercial especializado nas questões da Educação Física, do Esporte e da Saúde. Procura-se com o exame do periódico compreender como se processa, no âmbito do "impresso", a mutação de um discurso que possui como referência à ortopedia para outro em que a finalidade é a eficiência.
A revista EducaçãoPhysica foi produzida no Rio de Janeiro pela Companhia Brasil Editora, entre 1932 e 1945, sendo dela veiculando 88 números. Ela não teve seus limites circunscritos apenas ao Brasil, o impresso possuía correspondentes e representantes em vários países da América Latina e da Europa. Foram seus editores durante os treze anos que circulou: Paulo Lotufo, Oswaldo Murgel Resende, Roland de Souza e Hollanda Loyola.
Conformeos editores, a necessidade de lançar um periódico direcionado para a Educação Física nesse período ocorria por perceberem que a verdadeira educação deveria levar em conta as três dimensões do processo educativo: a intelectual, a moral e a física. Segundo eles, “[...] os grandes educadores têm proclamado com eloqüência, com profunda verdade, a complexidade e o alcance da verdadeira e moderna educação” (EDUCAÇÃOPHYSICA, n. 4, p. 11, 1934).
Segundo os editores a pela veiculação do periódico, pelo incentivo e pela prescrição de novas práticas na sociedade, “[...] homens novos, homens mais fortes, homens melhores [poderiam] surgir” (EDUCAÇÃOPHYSICA, n. 4, p. 11, 1934).
Ao trabalhar com o impresso, percebe-se no discurso[4] dos editores, a perspectiva de se investir na produção cultural, mas objetivando finalidades políticas. É sobre parte do projeto cultural que é veiculado no periódico que trato no texto a seguir, discutindo especificamente a relação Educação Física e esporte e a mutação que se pode perceber no significado e nas prescrições sobre a melhor forma de o professor tratar os saberes que deveria ser mobilizado na atuação docente.
Entrea correção e a eficiência: mutações no significado da educação física
Para responder sobre o deslocamento de sentidos no significado da Educação Física entre as décadas de 1930 e 1940 utilizo um estudo desenvolvido por Carvalho (1997) que instiga muitas reflexões a respeito da História da Educação e também da Educação Física. Tal estudo tem como título: Quandoa história da educação é a história da disciplina e da higienização das pessoas. A autora, nessa investigação, busca compreender os discursos educacionais que, nas quatro primeiras décadas do século XX, procuraram no Brasil “[...] legitimar-se enquanto saber pedagógico de tipo novo, moderno, experimental e científico[grifos da autora]” (CARVALHO,1997, p.269). Para tanto, “...trabalha com duas metáforas da disciplina – disciplina como ortopedia e disciplina como eficiência” (CARVALHO,1997, p.269).
Conforme Carvalho (1997), a partir da década de 1920, é possível se perceber uma sutil mutação no discurso pedagógico no Brasil. O discurso educacional, que vinha se auto-afirmando desde o final do século XIX como moderno, experimental e científico, que voltava suas preocupações para a ortopedia como arte da correção da deformação, toma um novo caminho e as figuras
[...] da deformação, que assombravam a produção discursiva anterior e que traziam a detecção e o controle da anormalidade para o âmago da pedagogia, são como que gradativamente expelidas do campo pedagógico e produzidas como tema e objeto da intervenção de outros saberes e poderes (CARVALHO,1997, p.280).
As novas práticas visualidades pela pedagogia da escola nova, para Carvalho (1997), entram em cena redefinindo princípios, objetivos e livrando-se dos limites postos pelo cientificismo e apresentando-se otimistas em relação ao poder disciplinador da educação. Assim, as inovações que a nova pedagogia coloca em cena, conforme Carvalho (1997, p. 285), passam a produzir novas sensibilidades e novos ritmos na sociedade, os quais
[...] faziam entrever modalidades inéditas de intervenção disciplinar. Assim, por exemplo, caberia ao professor ‘guiar’ a ‘liberdade’ do aluno de modo a garantir que o ‘máximo de frutos’ fosse ‘obtido com um mínimo de tempo e esforço perdido.
O que resulta que eficiência passa a ser o objetivo da disciplina, desse modo, “[...] disciplinar não é mais prevenir ou corrigir. É moldar” (CARVALHO,1997, p.286).
Ao analisar o periódico, é possível perceber que o deslocamento ocorrido na redefinição dos objetivos do campo educacional, que passa de uma concepção ortopédica, para uma concepção que se projeta em termos de eficiência, possui pontos de contato com o movimento que busca redefinir os discursos da Educação Física que se materializa como disciplina escolar, entre as décadas de 1930 e 1940.[5]
Na empreitada de definir um novo modelo para a Educação Física, os editores do impresso traduzem para a Revista uma matéria publicada originalmente em uma revista norte-americana dedicada aos esportes, assinada pelo Dr. Irving Fisher. A matéria traz o seguinte título: A nova Educação Physica.[6]De acordo com o autor,
[...] a edade nova requer homens de iniciativa, vivos, criteriosos. Será necessario, portanto, empregar typos de actividade que desenvolvam essas qualidades. Estas caracteisticas desenvolvem-se geralmente nos jogos. O jogo é creador e poetico. Tem grande valor como estimulante da imaginação. [...] a nova educação physica deve ser antes objetiva que subjetiva. A gymmastica do passado era subjetiva. Os esportes actuaes são objetivos. Naquella, a grande preocupação estava na forma e na maneira de executar um determinado exercicio. Neste, o que importa são os resultados, como, por exemplo, fazer a bola passar uma determinada linha para marcar um goal. Antigamente, dava-se valor ao equipamento e aos materiaes a empregar. Agora, aos indivíduos que com elles serão beneficiados. A edade moderna precisa de homens efficintes e optmistas. A nova educação physica dará, por isso, grande importancia á hygiene. Ensinará o homem a viver da melhor maneira possível. Fará com que cada um dos seus habitos physicos contribua para o aumento da sua efficacia [...] (FISHER, 1934, p. 13).
O que propõe o Dr. Fisher é uma redefinição dos objetivos da Educação Física. Se antes a preocupação era com a forma e a maneira de executar os movimentos, na idade nova, como propõe o doutor, o que mais importa são os resultados. E para isso nada melhor que a objetividade dos esportes.
Fruto direto da modernidade,[7] o fenômeno esportivo, pela sua peculiaridade de atividade física, regrado por regulamentos, assume características que o distingue das outras formas de exercitação corporal, como: especialização dos papéis, competição, cientifização, rendimento, quantificação, recorde e racionalização do treinamento. São essas condições objetivas que podem ser medidas, quantificadas e comparadas que, na visão do Dr. Fisher, fazem com que o esporte seja o melhor meio de preparar o novo homem. Nota-se que a nova Educação Física toma como referência o modelo da fábrica e o que passa a importar são os resultados. Para o Dr. Fisher, a nova Educação Física, entenda-se esporte, deve contribuir para que os hábitos físicos desenvolvidos durante as aulas sejam mais eficientes/especializados, o que significa maior rendimento, como mínimo de tempo e de esforço.
Em matéria escrita com muitos elogios, os editores revelam uma nova configuração para a Educação Física no cenário educacional. Descrevendo As actividades sportivas do Instituto, “O Granbery” de Minas Gerais, relatam que tal instituição oferecia aos alunos uma ótima educação moral, intelectual e física. Para os editores,
[...] o segredo da Educação Physica fornecida por ‘O granbery’, [diz o editor] está na disciplina moral que permeia todas as actividades physicas. E isso acontece porque, procurando proporcionar uma educação integral, o Collegio exerce cuidadosa vigilancia sobre o modo pelo qual os jovens se entregam aos exercicios corporaes. O esportista e o athleta granberiense são, antes de tudo, cavalheiros leaes e correctos. Essa verdade e confirmada pela attitude tomada por elles durante as competições inter-collegiaes, que freqüentemente, são realizadas. Além da gymnastica regulamentar, na qual é adotado o método francez, os granberienses dedicam-se a quatro esportes principaes – foot-ball, basket-ball, volley-bal e tennis – e diversas provas athleticas – corridas, saltos e lançamentos [...] (EDUCAÇÃOPHYSICA, n. 4, p. 97, 1936).[8]
As prescrições veiculadas no impresso são importantes para se compreender como o discurso da ginástica, como elemento principal de um programa de exercitação física, foi progressivamente sendo substituído por um outro discurso sobre a exercitação corporal[9] e como a Revista registra e toma parte desse deslocamento de sentidos. Mas esse deslocamento que redefine o que deveria ser entendido por Educação Física não ocorre sem tensões e resistências.
Fernando de Azevedo, em matéria escrita em 1938 para a revista EducaçãoPhysica, tratando sobre as tendências da Educação Física na EscolaAnglo-Americana, tece severas críticas à predominância que o esporte havia obtido na Inglaterra e nos Estados Unidos e à propensão que estava observando nas escolas brasileiras em adotar o mesmo modelo. Para ele, isso acontecia por haver uma “[...] má comprehensão do papel que cabe aos esportes aos quais se pretende erroneamente reduzir toda a educação physica” (AZEVEDO, n. 4, p. 9, 1938), e também pelo fato de as instituições/professores não perceberem que “[...] os esportes são, apenas ummeio e não um fim [grifos do autor]” (AZEVEDO, n. 4, p. 10, 1938).
Fernando de Azevedo (1938), alega que o esporte deveria ser preferencialmente recreativo e realizado somente depois da seção de ginástica, a qual prepararia o organismo para o esforço que os esportes exigiriam dos alunos. Assim conclui o autor: “[...] se condemnamos, em summa, os esportes como methodo exclusivo de educação physica escolar, não lhes podemos negar sua grande utilidade” (AZEVEDO, n. 4, p. 12, 1938), na distração necessária entre as horas de aula, respondendo, desse modo, às inquietudes físicas dos alunos.
Como se pode perceber, mesmo que houvesse a negação do esporte como o conteúdo principal a ser ensinado pela Educação Física, ele já era uma realidade no âmbito educacional. Desse modo, não poderia ser negado com o saber a ser utilizado na docência. Mas, para ser utilizado, era necessário que lhe diminuísse o caráter utilitário e subordiná-lo ao ritmo da ginástica, o que faria com que perdesse algumas de suas marcas de produção/origem, como: competição, especialização e quantificação dos resultados. Essa proposta é bem diferente da veiculada na matéria escrita pelo Dr. Fisher, para o qual o resultado era a medida da eficiência/especialização adquirida.
Com esses dois saberes sendo apresentados como as duas possibilidades para o professor organizar suas aulas, uma matéria chama a atenção na Revista. Em 1938, Américo R. Netto[10] publica uma matéria com o seguinte título: Gymnastica ou esporte: alguns critérios para differencial-os. Conforme Américo R. Neto,
[...] um dos mais freqüentes enganos de quem se interessa pela educação physica está em identifical-a, em tudo e por tudo, com a gymnastica ou com o esporte. Muitas vezes com uma e com o outro, ao mesmo tempo [...] confunde-se, assim, o todo com uma ou ambas as partes que o compõem. De facto, porém, Educação Physica constitúe a somma da qual a gymnastica e o esporte são as parcellas, mas comquanto muito de commum entre eles exista, por serem partes de um só e mesmo conjuncto, nem por isto deixam de se differenciar bastante entre si. (R. NETTO, n. 14, p. 14, 1938).
Para o autor, um dos diferenciadores que poderiam ser destacados e que com certeza colocava as duas atividades em pólos diferentes era o espírito de competição, que assim poderia ser descrito:
[...] este espírito [de competição], que é o propósito de fazer mais ou melhor, em confronto com outro não existe – ou pelo menos, ‘não deve’ existir – na gymnastica, cujos effeitos educativos seria por ela perturbados, possivelmente anulados. No esporte, entretanto, a luta contra qualquer antagonista, seja pessôa, seja coisa, constitúe innegavelmente sua propria razão de ser, dando exemplo e estimulo tanto a quem o assiste. [...] a gymnastica [...] busca o homem normal, médio [...] o esporte, entretanto, procura sempre as excepções, quer de pessôas, quer de resultados, levando a criatura humana a forçosamente se destacar do seu grupo, pelas affirmações isoladas da sua efficiencia individual. Para elle a generalidade praticamente não tem valor. [...] elle sempre está differenciando e especialisando, num propósito de accentuada seleção, que leva o homem a competir não só com outros homens vivos, mas também com outros que já morreram, quando não com elle próprio. [...] Lutar, competir, exceder-se taes são as palavras de ordem da vida esportiva, quando a da gymnastica é o nivelamento do grupo, no qual o homem desdenha o esforço de fazer mais e melhor, apenas para fazer igual (R. NETTO, n. 14, p. 15, 1938).
Américo R. Netto ainda destaca outra particularidade em que se poderiam basear os leitores/professores para diferenciar a ginástica do esporte. Essa distinção se caracterizava pelo modo de avaliar os resultados oferecidos por uma e outra forma de exercitação. Assim descreve,
[...] no esporte a possibilidade [...] de medir numericamente o resultado do exercicio está sempre presente, seja feita de modo directo e absoluto, seja indirecta e relativamente, em comparação com outro resultado. Taes medidas são apreciadas em tempo, espaço e peso e por outros critérios menos freqüentes, mas sempre apreciados. O feito de um corredor de 200 metros pode ser definido – comprhendido – em segundos e frações de segundo, como o lanço de um arremessador pode ser fixado em metros e centímetros. [...] Como porém, avaliar o resultado obtido por um gymnasta, ao fim de certo tempo de determinado exercícios? [...] não se pode pensar em oppôr o resultado em questão ao de outro gymnasta e com elle comparal-o, tirando deste confronto qualquer conclusão interessante ou util [...] só com elle proprio pode ser comparado, para se poder affirmar si progrediu, estacionou ou regrediu. [...] somente confrontado suas medidas anthropo-biologicas e contrastando suas capacidades funcionais é que se pode chegar a uma conclusão de real significação pratica (R. NETTO, n. 14, p. 16, 1938).
A racionalidade e os “novos códigos” que o esporte desperta para a “Educação Física”, os saberes que apresenta como científicos, a nova capacidade disciplinadora que oferece, em que a eficiência pode ser medida em décimos de segundo, comparada e generalizada, trazem para o âmbito da Educação Física, formas inéditas de intervenção disciplinar. O professor, de posse desses saberes, poderia ter um ferramental que possibilitaria descobrir e conduzir as potencialidades do educando de maneira a alcançaro máximo de produção, em termos de velocidade, força e resistência nos esportes, com o mínimo de tempo e de energias gastas.
Para Carvalho (1997, p. 281), o processo de corrosão gradativa que se abateu sobre o modelo educacional em que disciplinar configurava-se como práticas de prevenção e correção
[...] não derivou apenas [...] de mutações nos paradigmas científicos. No Brasil, ele foi decisivamente marcado pelas motivações políticas, sociais e econômicas que confluíram no chamado ‘entusiasmo pela educação’, movimento que reuniu intelectuais de diferentes categorias profissionais – principalmente professores, médicos e engenheiros – na propaganda da ‘causa educacional’
A intensificação do capitalismo industrial no Brasil, que a “Revolução de 1930” proporcionou, determinou na mesma ordem o desaparecimento e o aparecimento de novas exigências educacionais. As exigências da sociedade industrial impunham modificações profundas na forma e no modo de se encarar a educação, pois novas relações de produção colocavam-se na ordem do dia. E em relação à Educação Física o que acontece? Quais os deslocamentos de sentido que se podem perceber?
Nas duas primeiras décadas do século XX, é possível perceber, conforme Vago (1999), a mutação na denominação do que se entedia por “gymnastica” no interior da escola, para algo que se definia como a disciplina “Educação Physica”, que, trabalhando com os princípios da ginástica sueca, tinha como objetivo corrigir e endireitar os corpos das crianças, o que, segundo Vago (1999), compatibilizava perfeitamente com os princípios da Pedagogia alicerçada na metáfora da ortopedia. Vejamos o que propunha o Método Sueco[11] de exercitação criado por Pehr Henrik Ling entre 1804 e 1830.
CONCEPÇÃOE BASES
[...] o individuo, seja pela influencia das taras ancestrais, seja pelo meio de vida, raramente possue a perfeição corporea e a saude que deviam ser inerentes. Dentre as principais anomalias apresentadas nós encontramos a curvatura dorsal exagerada, o peito reintrante, a má elasticidade toracica, a inflexibilidade, a insuficiencia muscular, etc., traduzida pela tuberculose, reumatismos, molestias cardíacas, abdominais, etc. Qual o meio de corrigir este estado de cousas? Somente o trabalho físico, cuidadosamente executado, é capaz de evitar e sanar estes defeitos corporeos. [...] Um metodo, porém, deve ter uma parte especialmente medica, em que se estudem exercicios com esses carater, tendo em vista a cura de certos defeitos ou moléstias (BONORINO et al, 1931, p. 110-111).
Curar os defeitos, as moléstias e anormalidades punham-se como objetivo para a disciplina “Educação Física”, sejam estas conseqüentes das taras dos ancestrais, sejam aquelas adquiridas pelo meio. Regeneração e purificação da raça eram os discursos comuns entre os intelectuais no Brasil, desde fins do século XIX, mesmo que, segundo Bizzo (1995, p. 45), não houvesse uma “raça brasileira” a preservar ou purificar, merecendo o Brasil o epíteto de “cadinho racial”.
Nas décadas em que a Revista circula, pode-se perceber no âmbito do impresso, autores com mais freqüência utilizando o termo Educação Física para se referir ao esporte, sendo esse cada vez mais compreendido como o meio em que as práticas corporais deveriam ser colocadas em ação no interior da instituição educacional. Fernando de Azevedo (1938), intelectual engajado nas causas educacionais, não concordava que se reduzisse a Educação Física ao sentido de ensino/prática dos esportes. Para ele, tal disciplina deveria ser um meio e não um fim, ela não deveria ser apenas instrumental, mas recreativa, respondendo às ansiedades físicas dos alunos. Os comentários de Fernando de Azevedo (1938) sobre o predomínio do esporte, como principal conteúdo a ser ensinado nas aulas de Educação Física escolar, revelam que mesmo que houvesse um sistema de exercitação oficial no Brasil, tornado obrigatório a partir de 1931[12] aos estabelecimentos de ensino secundário, normal e superior, ele não estava sendo observado de forma rigorosa e a parte destinada à ginástica, estava sendo relegada a segundo plano.
O sistema de exercitação corporal oficial no Brasil, a partir de 1931, era o Método Francês.[13] Tal método seguia três orientações:
PRIMEIRO– O metodo visa o desenvolvimento físico por meio de flexionamentos e de exercícios educativos, não usuais, analiticos, os primeiros de grande amplitude e de grande rendimento e ainda por meio de jogos bem conhecidos; SEGUNDO – é claramente utilitario, pela prática de exercícios ou “aplicações” sinteticas, regidas pelo principio da economia de forças [...] e TERCEIRO – é claramente esportivo quer dizer que visa o aperfeiçoamento superior dos exercicios; prescreve a pratica de todos os esportes na pura forma esportiva de competição, regulariza o seu uso e prepara, metodicamente, por meio de educativos especiais, exatamente aqueles que considera aptos a se beneficiarem pelos esportes em geral (BONORINO et al, 1931, p. 213).
Percebe-se que o objetivo principal não é mais curar os defeitos ou moléstias, eliminar as taras, frutos dos males de origem. Agora as aulas são projetadas para serem realizadas em função da economia das forças, não mais eliminar os traços de um povo degenerado, mas desenvolver/descobrir as potencialidades/capacidades físicas dos alunos. Conforme o Dr. Fisher, uma nova Educação Física, portadora de “novos códigos,”[14] para uma idade moderna em que há necessidade de homens mais eficientes e otimistas.
Como se vê, de modo diferente e por meio de um outro conjunto de intervenções, a adoção do Método Francês vem responder a outras necessidades que o método anterior não consegue atender, uma vez, que em uma sociedade cada vez mais industrializada e competitiva, a exigência sobre a Educação Física, incluída no sistema educacional, não é mais objetivada como prevenção e correção das deformações físicas, mas como especialização e rendimento, ou seja, ensinar como produzir com maior velocidade, em um menor tempo, com gasto mínimo de energias. Novas sensibilidades que, se não são manifestas corporalmente por meio de um significativo aumento da eficiência, pelos menos são projetadas para serem gravadas nas consciências de quem passa pelo processo, “garantido” que, mesmo que não se torne um ideal materializado nas ações do dia-a-dia, pelo menos seja um parâmetro da nova racionalidade que se projeta para a sociedade e um objetivo a ser perseguido.
Em uma sociedade que se projeta para ser competitiva, em que o paradigma educacional orienta-se segundo o molde da fábrica, em que o ritmo da cidade insiste que o homem seja cada vez mais competitivo e especializado, faz crer que o esporte passou a ser conteúdo privilegiado do método oficial, tornando-se o principal elemento constituidor do repertório de saberes a serem ensinados no ambiente escolar pela Educação Física, que tanto pode ter se dado por pressões dentro da instituição educacional, em função da alta identificação que a parte ginástica do método possuía com a instituição militar, como pelo baixo entusiasmo dos alunos em realizar as atividades típicas que o método propunha.
Inezil Penna Marinho, em 1939, ao aplicar um questionário aos alunos de uma escola em que lecionava Educação Física, perguntou do que eles gostavam mais: das lições de Educação Física ou dos grandes jogos. O resultado foi que 92,85% preferiam os grandes jogos. A outra questão foi: qual a parte da lição de Educação Física de que mais gostavam? Verificou-se que 53,57% preferiam os pequenos jogos; 28,57% as aplicações; 10,72% as evoluções e apenas 7,14% os flexionamentos (CANTARINO FILHO, 1982, p. 135).
Desde que o Método Francês foi proposto, ele passou a sofrer resistências. A Associação Brasileira de Educação (ABE) manifestou-se contra sua adoção, ao apreciar o anteprojeto originário do Ministério da Guerra em 1929. As principais críticas da ABE eram que o método fora criado para ser aplicado na caserna. Assim, não fazia sentido que fosse utilizado na educação das crianças. Muitos foram os que o criticaram. Alguns queriam a sua adaptação às condições do Brasil, outros que se criasse um método nacional. Cantarino Filho (1982) relata que o diretor do Departamento de Educação Física do Estado do Rio Grande do Sul fez uma apreciação em tom crítico ao Método Francês, alegando que, mesmo na França, o sistema estava recebendo críticas, assim não deveria ser adotado na Escola Nacional de Educação Física e Desportos (1939). O resultado foi que o diretor do departamento foi demitido do cargo que ocupava.
Como se pode perceber, a Revista toma parte do processo de reorientação, quer vulgarizando os esportes como meio de exercitação mais racional, dentro de padrões considerados de maior controle, quer difundido o discurso do aperfeiçoamento da raça por meio das atividades esportivas e da possibilidade de produção de um novo homem, preparado para uma nova sociedade mais moderna e industrializada. Assim ela se configura como estratégia de modificações dos costumes, mas também flagra a mutação que se opera no modo de se compreender o significado da Educação Física.
Tratara Revista como estratégia de conformação de práticas e dispositivo de produção de sentidos permite que se retirem algumas conclusões. Uma delas diz respeito à tendência de creditar ao Estado o posto de grande agente das modificações que se processaram a respeito da educação e da Educação Física no Brasil. Os intelectuais que editaram o periódico tomaram para si a tarefa de remodelar o imaginário da população e dos homens do poder em relação à Educação Física e às práticas pedagógicas que lhe davam sustentação.
Visualizar as leituras de destinação pedagógica como estratégia permite observá-las como dispositivos doutrinários, de produção e conformação do campo pedagógico e também visualizar a mobilização, organização do professorado em torno de objetivos comuns.
Referências Bibliográficas
AS ACTIVIDADES sportivas do Instituto “O Granbery”. EducaçãoPhysica, Rio de Janeiro, n. 6, p. 97-98, set. 1936.
AZEVEDO, Fernando. Escola anglo-americana: predominancia esportiva. EducaçãoPhysica, Rio de Janeiro, n. 14, p. 9-12, jan. 1938.
BICCAS, Maurilane de Souza. O impresso como estratégia de formação de professores(as) e de conformação do campo pedagógico em Minas Gerais:o caso da revista do ensino (1925-1940). 2001. 311 f. Tese (Doutorado em História da Educação e Historiografia) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
BIZZO, Nélio Marco Vincenzo. Eugenia: quando a biologia faz falta ao cidadão. Cadernosde pesquisa, São Paulo, n. 92, p. 38-52, fev. 1995.
BONORINO, Laurentino Lopes; MOLINA, Antonio de Mendonça; MEDEIROS, Carlos M. de. Historico da educação física. Vitória: Imprensa Oficial, 1931. p. 110-111.
CANTARINO FILHO, Mario Ribeiro. Educaçãofísica no estado novo: história e doutrina. 1982. 217 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 1982, p. 135.
CARVALHO, Marta Maria Chagas de. TOLEDO, Maria Rita de. Reforma escolar, pedagogia da escola nova e usos do impresso. Contemporaneidade e Educação, Instituto de Estudos da Cultura e Educação Continuada, São Paulo, ano. V, n. 7, p. 71-92, [s. m.], 2000.
______. Pedagogiae usos escolares do impresso: uma incursão nos domínios da história cultural, 1998.
______. Quando a história da educação é a história da disciplina e da higienização das pessoas. In: FREITAS, Marcos Cezar (Org.). Históriasocial da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997. p. 269-287.
______. Estratégias textuais e editoriais de difusão do escolanovismo no Brasil: uma perspectiva. In: GUIRTZ, Silvina (Org.). Escuela nueva em Argentina y Brasil. Buenos Aires: Miño y Dávih Editores, 1996. p. 59-71.
CATANI, Denice Bárbara; BASTOS, Maria Helena Câmara. (Org.). Educaçãoem revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras, 2002.
______; SOUSA, Cynthia Pereira de. O catálogo da imprensa periódica educacional paulista (1890-1996): um instrumento de pesquisa. In: CATANI, Denice Bárbara; SOUSA, Cynthia Pereira de (Org.). Imprensaeducacional paulista (1890-1996): catálogo. São Paulo: Editora Plêiade, 1999. p. 9-30.
______.Educadoresà meia-luz (um estudo sobre a Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo: 1902-1918). 392 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, 1989.
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. EstudosAvançados: Instituto de Estudos Avançados - USP, São Paulo, v. 5, n. 11, p. 173-191, abr. 1991.
CRUZ, Heloisa de Faria. SãoPaulo em papel e tinta: periodismo e vida urbana – 1890-1915. São Paulo: EDUC, 2000.
DARNTON, Robert. Introdução. In: DARNTON, Robert, ROCHE, Daniel (Org.). Revoluçãoimpressa: a imprensa na franca – (1775-1800). São Paulo: EDUSP. 1997, p. 15-17.
DAVIS, Natali Zemon. Sociedadee cultura no início da França moderna. São Paulo: Paz e Terra S/A, 1990.
EDITORIAL. EducaçãoPhysica, Rio de Janeiro, n. 4, p. 11, mar. 1934.
ESTADOmaior do Exército. Regulamentode educação física (1ª parte). Rio de Janeiro: Biblioteca de “Defesa Nacional”, 1934.
FISHER. Irving. A nova educação physica. EducaçãoPhysica, Rio de Janeiro, n. 4, p. 13-14, mar. 1934.
GOELLNER, Silvana Vilodre. O método francês e a educação física no Brasil: da caserna à escola. 1992. 214 f. Dissertação (Mestrado Educação Física) – Pós-Graduação em Ciência do Movimento Humano, Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1992.
HUNT, Lynn. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
NÓVOA, António. A imprensa de educação e ensino: concepção e organização do repertório português. In: CATANI, Denice Bárbara; BASTOS, Maria Helena Câmara. (Org.). Educaçãoem revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras, 2002. p. 5-10.
NUNES, Clarice; CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Historiografia da educação e fontes. Cadernosda ANPED, Belo Horizonte, n. 5, p. 7-64, set. 1993.
NUNES, Clarice. História da educação brasileira: novas abordagens de velhos objetos. Teoriae Educação, Panorâmica, Porto Alegre, n. 6, p. 152, [s. m.], 1992.
R. NETTO, Americo. Gymnastica e esporte: alguns critérios para differencial-os. EducaçãoPhysica, Rio de Janeiro, n. 16, p. 14-15, mar. 1938.
SCHNEIDER, Omar. A revista Educação Physica (1930-1940): estratégias editoriais e prescrições educacionais. 2003. 342 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2003.
______. Entre a correção e a eficiência: mutações no significado da Educação Física nas décadas de 1930 e 1940 - um estudo a partir da revista Educação Physica. RevistaBrasileira de Ciências do Esporte. Florianópolis - SC, v.25, n.2, p.39 - 54, 2004.
SILVA, Claudia Panizzolo Batista da. Atualizando pedagogias para o ensino médio: um estudo sobre a revista atualidades pedagógicas. São Paulo. 161 f. Dissertação (Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2001.
TOLEDO, Maria Rita de Almeida. Coleçãoatualidades pedagógicas: do projeto político ao projeto editorial (1931-1981). 2001. 295 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação: História e Filosofia da Educação, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2001.
VAGO, Tarcísio Mauro. Culturaescolar, cultivo dos corpos: educação physica e gymnastica como práticas constitutivas dos corpos de crianças no ensino público primário de Belo Horizonte (1906-1920). 1999. 315 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação: História da Educação e Historiografia, Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação, São Paulo, 1999.
VILELA, Marize Carvalho. Discursos, cursos e recursos: autores da revista Educação (1927-1961). São Paulo. 251 f. Tese (Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000.
[1]Para desenvolver o tema do estudo, utilizo parte das discussões encaminhadas no trato com a revista EducaçãoPhysica para a produção da dissertação de mestrado denominada de A revista Educação Physica (1930-1940): estratégias editoriais e prescrições educacionais, defendida no primeiro semestre de 2003, no Programa de Estudos Pós- Graduados em Educação: História, Política, Sociedade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
[2]Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Física (PROTEORIA), endereço eletrônico: www.proteoria.org, e-mail: proteoria@proteoria.org
[3]Catani (1989 e 1994), Catani e Sousa (1999), Nunes e Carvalho (1993), Carvalho (1996, 1998, 2000 e 2001), Carvalho e Toledo (2000), Barzotto (1998), Vilela (2000), Silva (2001), Biccas (2001) e Schneider (2003).
[4]A investigação aqui desenvolvida, de acordo com a metodologia adotada, trabalha contra uma perspectiva de análise dos discursos e das práticas como algo desencarnado de suas condições de produção e de circulação. Assim, discursos, aqui compreendidos, são “[...] matrizes de práticas construtoras do próprio mundo social” (Chartier, 1991, p. 183).
[5]A revista EducaçãoPhysica, durante todo o período em que circula, tem como uma de suas características conservar a designação de periódico, preocupada com a difusão de uma cultura esportiva entre os brasileiros. Do primeiro ao último número, ela mantém a sua característica de impresso voltado para a Educação Física, os esportes e a saúde. Mas o esporte, como a grande referência do impresso, não impede que também veicule matérias sobre os métodos ginásticos, não obstante a discussão algumas vezes seja para dizer que esses não dão mais conta de atender às necessidades de um País que se prepara para a modernidade.
[6]Durante o período em que a Revista circula, essa mesma matéria é veiculada seis vezes. Ela é a única que por tantas vezes é reeditada, demonstrando que os editores, de certa forma, concordavam com as idéias que por ela eram explicitadas. A matéria que conclama os professores para assumirem uma nova Educação Física foi veiculada nos seguintes números: 4 (1934); 9 (1937); 13 (1937); 25 (1938); 32 (1939) e 73 (1943).
[7]Um estudo sobre a gênese do esporte como produto da modernidade e depositária de seus códigos pode ser encontrado no livro de Norbert Elias (1992) A busca da excitação.
[8]A Educação Física realizada no Instituto “O Granbery” configurava-se quase exclusivamente como o ensino e treino das modalidades esportivas. A ginástica é mencionada, mas na sistematização que o método francês a ela conferiu.
[9]Ainda que na Revistasepossam flagrar discursos sendo pronunciados em favor do esporte como veículo principal dos ensinamentos que se esperam transmitir pela Educação Física, ela, ao mesmo tempo, não deixa de difundir matérias exaltando os valores da ginástica como elemento formador da juventude, tanto em relação à recuperação/regeneração e produção de um indivíduo saudável e de constituição física bem feita, como exaltando ser imprescindível no desenvolvimento/modificação de suas qualidades morais.
[10]Professor da Escola Superior de Educação Physica do Estado de São Paulo.
[11]O Método Sueco era divido em quatro partes: 1) ginástica pedagógica ou educativa – evitar as moléstias, assegurar a saúde, evitar os vícios e defeitos posturais; 2) ginástica militar – exercícios guerreiros (tiro, esgrima, etc.); 3) ginástica médica e ortopédica – fazer desaparecer certas deformidades ou curar certas moléstias; e 4) ginástica estética – desenvolver harmoniosamente o organismo (Bonorino et al., 1931).
[12]Decreto n. 49.890, artigo 9º, de 18 de abril de 1931, que dispõe sobre o Ensino Secundário.
[13]O plano de Educação Física com base no Método Francês era divido em seis ciclos: 1) Educação Física elementar (pré-pubertária) de 4 a 13 anos; 2) Educação Física secundária(pubertária e pós-pubertária) de 13 a 18 anos; 3) Educação Física superior(desportiva e atlética); 4) Educação Física feminina; 5) Adaptações profissionais; e 6) Ginástica de conservação (após 35 anos). As lições aplicadas se constituíam em sete formas de trabalho, as quais eram consideradas as suas são grandes famílias 1) marchar; 2) trepar –escaladas e equlíbrios; 3) saltar; 4) levantar – transportar; 5) correr; 6) lançar; e 7) atacar e se defender. (Estado maior do Exército, 1934).
[14]Racionalização, especialização, rendimentos, competição, quantificação, etc. Códigos que se aproximam do mundo do trabalho industrializado e outros que se aproximam do mundo da educação, como: socialização, moralização dos hábitos e formação do caráter.