SCHNEIDER, Omar, FERREIRA NETO, Amarílio. Intelectuais, Pedagogia e Educação Física no Brasil: contribuição de Rui Barbosa, Manoel Bomfim e Fernando de Azevedo. In: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA , 53., 2001, Salvador. Anais... Salvador: SBPC, 2001. 1 CD-ROM
INTELECTUAIS, PEDAGOGIA E EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL: CONTRIBUIÇÃO DE RUI BARBOSA, MANOEL BOMFIM E FERNANDO DE AZEVEDO
Omar Schneider
Mestrando Programa de Pós-Graduação em Educação: História, Política, Sociedade, PUC-SP
Amarílio Ferreira Neto
Departamento de Desportos, UFES
Objetivamos com esse estudo, compreender como os intelectuais da educação pensaram a Educação Física (EF) em fins do século XIX e início do Século XX. Utilizamos três autores: Rui Barbosa (1946), em Obras Completas de Rui Barbosa, v. X, T. II, Manoel Bomfim (1926) no livro Lições de Pedagogia: Theoria e Pratica da Educação, 3a edição, e Fernando de Azevedo (1960) na obra Da Educação Física: o que ela é, o que sido e o que deveria ser, 3° edição revista e ampliada. Trabalhamos com obras consideradas expressões máximas do pensamento educacional dos autores em relação à EF. O estudo está ligado a um projeto maior, denominado, A Constituição de Teorias da Educação Física no Brasil: o debate em periódicos no século XX (PROTEORIA). Entre seus objetivos estão: catalogar os periódicos sobre EF produzidos no Brasil a partir dos anos 30 do século XX, enfocando o itinerário da produção de teorias para a área, os principais autores/atores seus discursos.
Metodologia
Fizemos perguntas pontuais às fontes em relação: a uma concepção de ciência, de Pedagogia, sentido da EF na escola, método e dimensão da realidade a que suas propostas foram direcionadas. Procedemos desse modo, a fim de captarmos nos discursos dos autores, argumentos sobre a necessidade da EF na escola, conhecimentos necessários para se fazer disciplina escolar e formas de intervenção.
Resultados
A passagem do século XIX para o século XX é marcada por intenso movimento de busca de modernização. A busca pelo moderno, pelo novo, pelo que deu certo em outros países, aparece com grande força no que foi elaborado como meta para o Brasil. O exame que realizamos dá-nos condição de fazer algumas afirmações: O pensamento dos autores é basicamente complementar. Mesmo atuando em contextos diferentes, militando em campos distintos, foram movidos pela necessidade de reformular algo que consideravam atrasado e anacrônico. Aparecem como intelectuais extremamente críticos e criativos, percebendo o acesso à educação como direito básico do indivíduo. Sentiam como necessário estender o acesso à escola a toda a população, pensando esta como uma instituição gratuita, laica e como um dever do Estado. Ponto relevante é a percepção da educação como forma de tirar o Brasil do atraso cultural em que permanecia, quando comparado aos países da Europa e da América do Norte.
Conclusão
Para os autores a EF apresenta-se, como possibilidade de atuar sobre o corpo, porém visando educar não só o corpo, mas também a sensibilidade, a forma de perceber e agir sobre a realidade. Os discursos empregados para fundamentar a EF eram Alicerçados no que havia de mais atual sobre o conhecimento do corpo, alimentando-se de saberes provenientes de vários campos de conhecimento, como: Fisiologia, Biologia e a psicologia, nas quais não só uma teoria para legitimar a EF se alimentava, mas também a Pedagogia para explicar o desenvolvimento humano da aprendizagem e do conhecimento. Buscando organizar um corpo de conhecimentos para a educação e Educação Física, não trabalharam no sentido de apenas sistematizar o conhecimento existente, mas, com as ferramentas disponíveis, reorientaram esse conhecimento para que pudesse ser aplicado à escola. Consideramos que as críticas em relação a eles precisam ser revistas, compreendendo esses sujeitos e suas obras no momento histórico em que foram produzidas, entendendo os limites e possibilidades a que cada um esteve sujeito.
CNPq - Conselho Nac. de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico INICIAÇÃO CIENTÍFICA