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Artigos > Comunicação e Produção Científica em Educação e em Educação Física > MAIA, E. M.; FERREIRA NETO, A.; BERMOND, Magda Terezinha. Pedagogia e Educação Física: quando teorizar é sempre praticar. In: VIII Encontro Fluminense de Educação Física Escolar, 2004, Niterói. Cultura e a Educação Física Escolar. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2004. v. 1. p. 276-278.

MAIA, E. M.; FERREIRA NETO, A.; BERMOND, Magda Terezinha. Pedagogia e Educação Física: quando teorizar é sempre praticar. In: VIII Encontro Fluminense de Educação Física Escolar, 2004, Niterói. Cultura e a Educação Física Escolar. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2004. v. 1. p. 276-278.


PEDAGOGIA E EDUCAÇÃO FÍSICA: QUANDO TEORIZAR ÉSEMPRE PRATICAR


 

Ediane de Melo Maia  -  Acadêmica de Educação Física da UFES

Amarílio Ferreira Neto  -  Prof. Dr. do Departamento de Desportos da UFES

Magda Terezinha Bermond - Acadêmica de Educação Física da UFES

Membros do PROTEORIA[1]

 

Resumo: Objetiva analisar a Revista de Educação Física do Exército, buscando identificar os princípios pedagógicos e as características das propostas de aula para a Educação Física e correlacionando-os com a Educação funcional proposta por Edouard Claparède. Os resultados apontam que essa relação se efetiva e essas propostas estão coerentes também com a pedagogia militar.

 

Introdução

Neste estudo, procurou-se esclarecer os princípios pedagógicos utilizados pelo Exército e as características das propostas de aulas para a fundamentação das lições de Educação Física e, a partir deles, buscou-se correlacionar com os princípios educacionais utilizados pela pedagogia mundial da época, procurando averiguar a utilização pelo Exército de uma base educacional coerente com a Educação Funcional. Sendo assim, espera-se encontrar uma base pedagógica que sustente essa inserção da Educação Física, difundida pelo Exército, na escola, procurando mostrar que seus métodos, ao adentrarem no ambiente escolar, procuram se adequar a essa realidade, estando em coerência com as demais correntes pedagógicas propostas pela educação em geral.

Este trabalho colabora para recuperar a contribuição dos militares para a Educação Física, possibilitando observar a influência do Exército na Educação Física da sociedade brasileira e a forma pela qual eram feitas suas propostas para o desenvolvimento das atividades: como elas se organizavam, se dividiam e em que se fundamentavam.

Utilizou-se, neste trabalho, a Revista de Educação Física publicada pela Escola de Educação Física do Exército como focusdocumental para a discussão sobre os eixos pedagógicos e as características das aulas, principalmente pela análise de uma das sessões da Revista de Educação Física, intitulada Unidade de Doutrina. Foram analisadas também as obras de Edouard Claparède para se alcançar as correlações propostas.

 

Pedagogia e Educação Física: a contribuição do Exército e de Edouard Claparède

Para iniciar esta discussão, convém ressaltar que a pedagogia aplicada pelo Exército consiste no estudo da educação com o objetivo de determinar regras para a aplicação, tendo em vista o aperfeiçoamento dos indivíduos. Sendo essa pedagogia aplicada no meio militar ela deve atender àespecificidade do Exército, que éa preparação da tropa para o combate, caracterizando-se como uma pedagogia da ação prática (FERREIRA NETO, 1999).

Nesta pesquisa, entende-se como princípios pedagógicos os eixos específicos para cada disciplina (matéria) e apresentam-se como linhas a serem seguidas, tanto na formulação das aulas como na sua execução, constituindo, assim, uma forma de orientação da prática pedagógica dos professores. Os eixos pedagógicos são subordinados àdoutrina do Exército. Jácomo características, foram consideradas as grandes regras norteadoras do método. Elas podem ser entendidas como as representações práticas dos eixos que, juntamente com as características, se apresentam interligados.

Pode-se constatar que os textos apresentam propostas para a prática da Educação Física, fundamentadas no Regulamento Geral de Educação Física (Método Francês). Com as leituras percebeu-se a possibilidade de essas propostas estarem de acordo com a educação funcional.

Nesta proposta, pode-se destacar o princípio da continuidade. A lição écontínua quando não éinterrompida por nenhum repouso (CAVALCANTI, 1932a). A lição deve também ser alternada, isto é, deve ser composta por exercícios que mobilizem as partes superior e inferior do corpo. Outro princípio de grande importância na realização da aula éa graduação da lição em intensidade e dificuldade. A lição deve apresentar elementos de dificuldade crescente. A atração da lição constitui o quarto princípio e se efetiva quando os exercícios são variados, quando os jogos são introduzidos na lição e quando o instrutor, por seu exemplo e sua atividade, sabe manter a alegria na sua escola (CAVALCANTI, 1932b). Por fim, o Regulamento exige que a lição seja disciplinada, concretizando-se quando os “[...] exercícios previstos são comandados sem hesitação, si se desenrolam normalmente e si são executados com a intensidade e a energia desejaveis por uma escola atenta” (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 1934a, p. 16). Esses cinco princípios devem estar presentes no planejamento das lições e devem existir também na sua efetivação.

As características detectadas nessas propostas de aulas são que as lições devem apresentar um fim a ser atingido, ou seja, deve ser considerado um objetivo a ser alcançado e a aula deve colimar para a obtenção desse propósito. A Educação Física infantil terápor fim desenvolver as grandes funções: respiratória, circulatória, articular; deverátambém educar a coordenação nervosa; corrigir as atitudes defeituosas e auxiliar no desenvolvimento da criança principalmente pelo exercício atraente e ainda explorar sua capacidade de imitação (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 1934b).

Essa característica édestacada por Claparède (1958, p. 34), quando evidencia que “[...] tôda ação prática, a educativa especialmente, apresenta um fim a atingir; êsse fim leva àpesquisa de meios”. Destaca assim a importância do método funcional que “[...] éútil porque sóêle nos permite perceber os processos em função da conduta que devem determinar. E, na prática, sòmente êle nos mostra o valor de um processo com relação ao fim a atingir” (CLAPARÈDE, 1958, p. 34). Pode-se entender essas citações de duas formas. Uma delas éque, a partir de um objetivo proposto pela aula, devem ser escolhidos exercícios que levem àsua realização. Fazendo uma ligação com os eixos pedagógicos, percebe-se que eles deverão ser utilizados como referência para a escolha e realização dos exercícios para que o objetivo da aula seja alcançado. Outra interpretação pode ser feita no âmbito mais global, ou seja, sendo a Educação Física uma forma educacional, requer pesquisa de meios para que a aprendizagem ocorra com maior facilidade. Sendo assim, volta-se novamente aos eixos pedagógicos, os quais podem ser interpretados como meios para que a ação educativa da Educação Física alcance seu objetivo. Essas duas configurações aparecem na Revista de Educação Física e tornam-se indícios da ligação da Educação Física com a Educação Funcional.

Outra característica revelada pela análise das propostas de aula éo valor remetido àexperiência. Considera-se fundamental para a aprendizagem o contato prático dos alunos com o conteúdo proposto, ou seja, a experiência do “aprender fazendo” ou do “fazer para aprender”. Nota-se, pelas propostas de aulas para a Educação Física infantil, que elas apresentam basicamente cunho prático, possuindo exercícios variados e sessões de jogos. Essa característica da aula étambém um meio de pôr em prática a educação, pois, como cita Claparède (1959), a experiência éuma forma de se colocar àprova os meios articulados teoricamente e pode, além disso, conduzir a soluções do problemas com um contato real com a prática. A experiência é, pois, uma boa forma de gerar conhecimento.

A proposta pedagógica do Exército apresenta também, como característica fundamental, a utilização dos jogos, colaborando com o princípio do interesse, o qual se apresenta como princípio pedagógico e constitui a base da Educação Funcional. Pode-se notar, por meio da observação da estrutura das aulas, que o Exército valoriza muito a utilização dos jogos. A educação funcional atribui grande importância aos jogos como forma de despetar o interesse na criança e considera o jogo uma das principais necessidades da criança e a forma que reconcilia a escola com a vida dos alunos, como cita Claparède (1958, p. 146) “[...] Seja qual fôr a tarefa que desejeis que a criança execute, se encontrardes o meio de apresentá-la como um jôgo, serásuscetível de produzir tesouros de energia”. Claparède (1958, p.147) enfatiza ainda que “[...] o jogo é, pois, para a realização prática da escola ativa, de importância capital”.

O Exército também propõe a adaptação dos processos educacionais pela forma de grupamento homogêneo dos indivíduos e também a adaptação do exercício ao valor físico. A adaptação dos processos educacionais éuma característica relevante da Educação Funcional, que considera a modificação dos interesses dos indivíduos no decorrer de sua vida. Como expõe Meylan (1959), a educação, para ser funcional, deve estar de acordo com os interesses da criança, deve considerar esses interesses predominantes em determinadas idades. Essa proposta educacional deixa transparecer a necessidade de se conhecer a criança e, a partir daí, procurar ajudá-la, inserindo-se nesse propósito a adaptação dos processos educacionais. As práticas educativas do exército também atribuem grande importância ao professor para o melhor andamento das aulas. Segundo Claparède (1958), na Educação Funcional, o mestre deve se apresentar como um “estimulador de interesse” e sua maior virtude deve ser o entusiasmo. Ele não deve procurar somente formar a inteligência dos seus alunos e sim despertar as suas necessidades intelectuais e morais.

 

Conclusão

A partir da comparação desses eixos e das características das aulas com as presentes na Educação Funcional, pode-se começar a refletir sobre a influência dessa corrente pedagógica na proposta do Exército para a Educação Física brasileira.

Deve-se destacar também que, além dessas bases no campo da Educação Funcional,

o  Exército se utiliza de seus preceitos de formar um novo homem para fundamentação de sua prática. Assim, mesmo no ambiente escolar, a Educação Física deve contribuir para o objetivo maior do Exército, que se constitui em formar cidadãos para defender a pátria e colaborar para que eles cheguem mais bem preparados ao serviço militar e com maior patriotismo.

Notas

1    Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Física (PROTEORIA), endereço eletrônico: www.proteoria.org.

2    De acordo com Claparède (1958, p. 8), educação funcional é“[...] a educação que se propõe desenvolver os processos mentais considerando-os não em si mesmos, e sim quanto àsua significação biológica, ao seu papel, àsua utilidade para a ação presente ou futura, para a vida. A educação funcional éa que toma a necessidade da criança, o seu intêresse em atingir um fim, como alavanca da atividade que se deseja despertar nela”.

3    Mais detalhes em: FERREIRA NETO, Amarílio et al. Revista de Educação Física: ciclo de vida, seção unidade de doutrina e lição de educação física (1932-2002). Movimento, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 91-118, jan/abr. 2003.

Referências

CAVALCANTI, Newton. Unidade de doutrina. Revista de Educação Fisica, Rio de Janeiro, ano 1, n. 2, jun. 1932a.

CAVALCANTI, Newton. Unidade de doutrina. Revista de Educação Fisica, Rio de Janeiro, ano 1, n. 3, jul. 1932b.

CLAPARÈDE, Edouard. A educação funcional. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958.

CLAPARÈDE, Edouard. As novas concepções educativas e sua verificação pela experiência.

In:_______ . A escola sob medida. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura S.A., 1959. p. 163-169.

 

ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO. Regulamento de Educação Física (1a parte). Rio de Janeiro: Biblioteca de “A Defesa Nacional”, 1934a.

 


 

ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO. Regulamento de Educação Física (3a parte). Rio de

Janeiro: Biblioteca de “A Defesa Nacional”, 1934b.

FERREIRA NETO, Amarílio. A pedagogia no exército e na escola: a educação física brasileira (1880 - 1950). Aracruz, ES: FACHA, 1999.

MEYLAN, Louis. A educação funcional. In: CLAPARÈDE, Edouard. A escola sob medida. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura S.A., 1959. p. 95-135.

 

 



[1]

 

 

Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Física (PROTEORIA), http://www.proteoria.org
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Prévia do artigo FERREIRA NETO, Amarílio. Publicações periódicas de ensino, técnicas e magazine em educação física e esporte. In: Lamartine Pereira DaCosta. (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro, 2004, v. , p. 776-777. NASCIMENTO, Ana Claudia Silverio; LOVISOLO, Hugo Rodolfo.Produção científica dos doutores em educação física: análise do programa de pós-graduação da Universidade Gama Filho (1994-2000). In: II Congresso de Educação Física e Ciências do Esporte do Espírito Santo, 2004, Vitória. II Congresso de Educação Física e Ciências do Esporte do Espírito Santo. Vitória: Secretaria Estadual do Colégio Brasileiro de Ciência do Esporte, 2004 Próximo artigo
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