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AROEIRA, Kalline Pereira. As competências, diretrizes curriculares e educação física. In: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA , 54., 2002, Goiânia. Anais... Goiânia: SBPC, 2002. 1 CD-ROM.
Categoria : Formação Profissional, Currículo e Práticas Pedagógicas em Educação e em Educação Física


COMPETÊNCIAS, DIRETRIZES CURRICULARES E EDUCAÇÃO FÍSICA[I]

 

Kalline Pereira Aroeira aroeiraka@hotmail.com Faculdade de Educação, FE-USP, São Paulo/SP

 

(INTRODUÇÃO) O uso difundido da noção de competências entre os documentos curriculares, dentre eles os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Propostas de Diretrizes Curriculares Nacionais, nos remete a tarefa inadiável de analisar e discutir o uso do termo competência no debate curricular. Nessa direção o estudo teve como objetivos (estruturados com base no debate ocorrido na disciplina: Educação e Trabalho na Sociedade Brasileira (EDA 732), ministrada no Programa de Pós-Graduação — Mestrado em Educação da Universidade de São Paulo - USP, no período de março a julho do ano 2001): discutir elementos de definição da noção de competência nos documentos; questionar o uso do termo competências no contexto das Propostas Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Educação Física e no Texto Introdutório que apresenta os PCN; identificar relações com a apropriação da noção de competência entre o documento de Propostas de Diretrizes Curriculares para o Curso de Educação Física em nível superior e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de Educação Física no terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental (5a a 8a séries).

(METODOLOGIA) Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que teve como foco de análise os seguintes documentos: Propostas de Diretrizes Curriculares para o Curso de Educação Física em nível superior (2001); Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de Educação Física no terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental (1998); Texto Introdutório dos PCN (1998). Para a análise dessa produção dialogou-se com a comunidade argumentativa (Ropé & Tanguy, 1997; Ropé, 1997; Tanguy, 1997; Stroobants, 1997; Hirata, 1994; 1997; Manfredi, 1998; Moraes, 1999; Perrenoud, 1999; Ramos, 2001) que tem questionado a noção atual de competências em seus usos sociais e científicos. A atenção focalizou-se, na esfera educativa, em especial na área da Educação Física, não deixando de se observar o âmbito do trabalho.

(RESULTADOS) O estudo sobre a noção de competências nos documentos curriculares pode nos orientar outros olhares quando o movimento é o de questionar o conhecimento corporificado no currículo. O desafio contextualiza- se, nesse caso, em se superar o questionamento das teorias tradicionais de currículo que tomavam as respostas a pergunta "o que ensinar?", como dadas, se concentrando no que ensinar e resumindo o currículo em discutir as melhores e mais eficientes formas de organizá-lo (Silva, 1999). Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Educação Física assim como na perspectiva das teorias tradicionais de currículo, enfatizam preocupações concernentes a princípios e metas, o que de maneira mais rápida se torna espaço ideal para a introdução da noção de competências, visto que se propõe nesse documento a ênfase na aprendizagem e na aquisição de competências individuais (autonomia para aprender a aprender). No âmbito do Ensino Superior nas Propostas das Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Física a concepção de currículo por disciplinas, extensivo, em contraposição à visão de um currículo problematizado intensivo, com base em pesquisas matriciais, com abordagem qualitativa, possibilita a concepção de um perfil profissional (acadêmico e profissional, dicotomizado) com base em competências e capacidades ligadas ao mercado de trabalho.

Em ambos, averigua-se a necessidade, no espaço desse novo ordenamento legal, de viabilizar-se processos de questionamentos e críticas a esses documentos, de maneira poder-se defender uma reforma curricular que seja construída pela ampla participação, no tempo pedagógico e político necessário para democratizar experiências e envolver amplas parcelas de interessados nas reconceptualizações curriculares.

(CONCLUSÕES) Com base nas considerações desta investigação, pode-se sinalizar que, para aprendizagem das competências enfatizadas nos documentos analisados, requer-se para ensiná-las, um profissional que também possua uma emergência de campos de competência. Com isso, a formação do professor de Educação Física pode ser acenada para um campo de atuação circunscrito por capacidades. Elas exprimem as potencialidades de uma pessoa independente dos conteúdos específicos de determinada disciplina. E no âmbito da argumentação do "aprender a aprender" presente nos documentos curriculares do Ensino Fundamental, isso permite assumir íntimas relações, visto que o educador nesse contexto pode apelar a capacidades e competências específicas (presentes nas Propostas de Diretrizes Curriculares Nacionais). Alguns dos enfoques que esses documentos curriculares propõem, podem caminhar em passos largos para aproximação do uso das noções de saberes, competência, currículo, aprendizagem etc.  enfatizadas no mundo do trabalho fazendo com que o uso de tais noções circulem na escola e na empresa sem exprimir muitas diferenças. Por fim, ressalta-se que a temática analisada merece continuar sendo alvo de reflexões a fim de determinar qual o caráter extensivo dessas reflexões nos vários âmbitos do espaço educacional.        1 Texto apresentado na 54a Reunião Anual da SBPC - Goiânia, GO - Julho /2002.



 

 

Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Física (PROTEORIA), http://www.proteoria.org