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Artigos > Comunicação e Produção Científica em Educação e em Educação Física > LAUFF, Rafaelle Flaiman; FERREIRA NETO, Amarílio. A pedagogia e a educação física capixaba na Revista de Educação do Espírito Santo (1934-1937). In: II Seminário do CEMEF-UFMG, 2005, Anais... Belo Horizonte. Educação Física, Esporte, Lazer e Cultura urbana: uma abordagem histórica. Belo Horizonte : CEMEF-PROTEORIA, 2005. CD-ROM

LAUFF, Rafaelle Flaiman; FERREIRA NETO, Amarílio. A pedagogia e a educação física capixaba na Revista de Educação do Espírito Santo (1934-1937). In: II Seminário do CEMEF-UFMG, 2005, Anais... Belo Horizonte. Educação Física, Esporte, Lazer e Cultura urbana: uma abordagem histórica. Belo Horizonte : CEMEF-PROTEORIA, 2005. CD-ROM


A PEDAGOGIA E A EDUCAÇÃO FÍSICA CAPIXABA NA REVISTA DE EDUCAÇÃO

DO ESPÍRITO SANTO (1934-1937)

 

Rafaelle Flaiman Lauff PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - EHPS

Amarílio Ferreira Neto UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Membros do PROTEORIA

 

RESUMO

Analisa a educação e a educação física escolar entre 1934-1937, utilizando como fonte a Revista de Educação, do Espírito Santo. Caracteriza-se como uma pesquisa histórica. A educação era a via pela qual a Nação chegaria ao progresso. Na Revista de Educação, do Espírito Santo, a Educação Física justificava-se por meio de algumas funções, entre as quais: eugenia, desenvolvimento físico-intelectual, saúde e higiene, disciplina, moral e caráter e estética.

 

INTRODUÇÃO

A análise da imprensa periódica especializada revela as representações políticas, sociais e culturais, e os sentidos e significados dessas representações na construção de um sistema educacional e das normas e práticas escolares. O presente estudo trata-se de uma pesquisa no âmbito da história, que utiliza as proposições de Chartier (1990) para compreender o objeto, Revista de Educação (1934-1937), em sua materialidade. O focus documental do estudo são os textos que circularam na Revista de Educação e que buscavam tratar dos temas relativos à Educação e a Educação Física.

O estudo de impressos faz-se relevante na construção de uma história cultural dos saberes pedagógicos, pois analisa os “[...] processos de produção, circulação, imposição e apropriação desses saberes [...]” (CARVALHO, 1998). Assim, a análise de um periódico possibilita uma aproximação com as peculiaridades da realidade de sua época, bem como o estudo de seus usos, de práticas que dele se apoderam, de suas condições de produção e circulação, identificando concepções e aspectos das representações de uma época. Os periódicos especializados, de acordo com Nóvoa (citado por CATANI; BASTOS, 1997, p. 6), constituem-se como “[...] o melhor meio para aprender a multiplicidade do campo educativo [...]”.

A Revista de Educação,[2] periódico publicado pelo Serviço de Cooperação e Extensão Cultural do Departamento de Educação, do Estado do Espírito Santo, foi confeccionada, conforme os editores, para divulgação dos métodos contemporâneos de ensino ao professorado capixaba, entre 1934 e 1937, na cidade de Vitória.. Os artigos da Revista de Educação foram escritos por autores locais: professores, médicos, inspetores de ensino. Acompanharam às discussões teóricas da Europa e dos Estados Unidos: Rousseau, Durkheim, Claparéde, Dewey, Pestalozzi, Montessori, Froebel, Decroly, Ferrière, entre outros, são autores que fundamentam seus argumentos e suas idéias.

O periódico compõe-se, além desses artigos: de uma seção nomeada “Cooperação e Extensão Cultural”, com pequenos artigos e notas de jornais capixabas, cariocas e mineiros; de uma seção intitulada “Bibliografia Pedagógica”, porém não encontrada em todos os exemplares da revista; de uma seção denominada “Notas e Informações”.

Esse impresso representa um indício da pedagogia moderna, que pregava, entre outros, modelos de métodos de ensino baseando-se nas discussões científicas correntes no final do século XIX e início do século XX: “[...] Para os professores em exercício: curso de aperfeiçoamento, curso de férias, bibliotheca, revistas e jornaes pedagógicos - e a ‘Revista de Educação’ é um magnífico começo [...]” (MARCHIORI, 1935, p.12). O periódico funcionava como “caixa de utensílios”, [2] um modelo fundamentado na pedagogia moderna em que o princípio de ensino “[... ] é fornecer bons moldes [...]” (CARVALHO, 2001, p. 143). Além de publicações para estudo, faziam parte do movimento de renovação educacional estruturas auxiliares no ensino, dentre elas, a educação física.

 

A ESCOLA MODERNA

O ensino tem por base os preceitos da nova pedagogia. A educação é ministrada para adaptar a creatura á realidade social, sendo a escola uma comunidade. Os programmas estão sendo executados em torno de um centro de observação ou ponto de interesse, pelos processos objectivos e praticos, evitando, por completo, a memorização dos factos, mas conduzindo a creança a aprender por si mesma (Art. 75 § 1° e art. 78 do decreto 10.171 de 1930). As aulas são dadas de modo a estimular as actividades espontaneas e livres da creança, a conduzil-a a iniciativas e experiencias, a despertar o insticto de cooperação entre alunos e entre estes e o professor (REVISTA DE EDUCAÇÃO, 1934, p. 39).

Ao observar a Revista de Educação, no que se refere a legislação do ensino capixaba, verifica-se uma apropriação (CERTEAU, 1994) das teorias científico educacionais corrente do período e que foram veiculadas como normas pedagógicas para as escolas. De uma forma geral, a pedagogia moderna, no referido impresso, apresentou como características: o ensino integral - moral, intelectual e físico - delineando-se pelos interesses infantis, de forma que, os interesses criariam a atividade, que, por sua vez, direcionariam a educação: “[...] A escola deverá, portanto, adaptar-se á criança e não esta á escola [...]” (VIEIRA, 1935, p.18). Lourenço Filho (citado por Passos, 1935, p. 25) escreveu: “[...] o interesse cria a actividade [...]”.. A criança não seria passiva para que o professor apenas depositasse seus conhecimentos; seria sim, ativa, movimentando, investigando, lendo, descobrindo, colecionando, de maneira espontânea e prazerosa à ela: “Extingamos as escolas meramente livrescas, que martyrizam a memoria das creanças, ‘com cousas inuteis e estupidas, não relacionadas com a vida e com a propria realidade’” (RIBEIRO, 1934, p. 2).

A escola possuiria estrutura atraente a fim de auxiliar a aprendizagem: desenhos, mapas, fotos, objetos interessantes, tudo para atrair a atenção, instigar a curiosidade, estimular a criatividade, projetar o imaginário. Mallart, citado por Vitorino (1934, p. 30) descreveu o ideal de escola: “As salas da escola activa são lugares de trabalho pessoal e hão de ter caracter de 'atelier', de laboratorio, de bibliotheca, de museu, de onde os alumnos trabalhem, investiguem, leiam, collecionem”.

Ainda, para que o ensino fosse atraente e dinâmico, sem prejuízo das manifestações espontâneas pueris, o professor deveria organizar um plano pedagógico que orientasse o trabalho educativo:

O plano, sumula, ou esquema poderá constar do seguinte: assunto, material, parte ativa ou funcional, lição, relatorio coletivo - ou - assunto, observação, associação, expressão - ou - assunto, material, preparo mental ou lição, acompanhado de associação e observação, finalisando com a expressão (PASSOS, 1934, p. 29).

Recomendava-se que o professor procurasse, constantemente, conhecimento, experiências, estando sempre a aprender, a investigar. O professor seria o auxiliador e orientador do aprendizado, observando, compreendendo e encaminhando a criança de acordo com suas aptidões. “Todo professor é, antes de tudo, um psychologo, e como tal, cabe a este, descobrir a aptidão de cada e oriental-o na disciplina em que se saliente” (VITORINO, 1934, p. 30). Para Passos (1935), o professor deveria ser um conhecedor de leis psicológicas e biológicas, sendo sábio e afetuoso, orientador e guia, procurando sempre melhorar seus conhecimentos, observando e experimentando, oposto ao nervosismo, impaciência e opressão.

A disciplina na escola moderna não deveria ser repressiva. A liberdade da criança e sua necessidade de movimento deveriam ser respeitadas, com um método atraente e ativo, contanto que não se confundisse com recreio (VIEIRA, 1935). O professor sendo afetuoso e compreensivo ganharia respeito e confiança da criança. A disciplina aconteceria por respeito ao professor, e não por medo incitado por repressões, castigos dolorosos e/ou humilhantes. “[...] a base do proveito do ensino é a ordem ligada ao respeito mutuo entre discipulo e o professor, o amor ao estudo, e a bôa vontade de aprender e de ensinar” (VIEIRA, 1935, p.110). Passos (1935, p. 25) descreveu:

[...] A disciplina aqui é dynamica, ao envez de estatica. As crianças se agitam, trabalham em grupos, sentam-se e levantam-se quando necessário, procuram o mestre ou se isolam, quando occupados em trabalhos individuaes [... ] a classe attende ao mestre naturalmente, com deferencia e prazer.

Ainda, havia as características ideológicas: nacional, social, individual. Luzuriaga (1934), que publicou sobre a “escola única”, [3] entendia que a escola deveria ser acessível a todas as pessoas (individual) de todas classes sociais (social), independente da religião, de acordo com suas aptidões e vocações, em âmbito nacional. Seguia-se, então, a lógica educacional: indivíduo - sociedade - Nação. Em trechos do artigo (LUZURIAGA, 1934, p. 11), encontrou-se os seguintes argumentos:

  • Indivíduo:

[...] A escola unica, com sua multiplicidade de instituições aberta a todos, com possibilidades de escolha de tipos e planos educacionais, facilita o descobrimento das aptidões individuais e seu trato conveniente. A educação das massas da escola tradicional é substituída pela educação diferenciada na escola única.

  • Sociedade:

[...] A educação não é patrimônio de uma classe social unica, senão que é aberta e tornada possivel a todas as classes e de modo especial á classe trabalhadora, não porém, no sentido abstrato da educação nacional, mas no sentido concreto da educação social.

  • Nação:

[...] A escola unica aspira a facilitar a fusão de todas as classes sociais, de todas as forças políticas, de todas as confissões religiosas, em uma unidade espiritual superior, a alma nacional, que inspire a todos e a cada um de seus membros.

A escola deveria funcionar como uma projeção da sociedade, uma representação desta, sendo o local onde as crianças se preparariam para a sociedade real. Passos (1935, p. 19) afirma o caráter da escola: “[...] o de communidade ou de pequenina sociedade onde as criaturas possam desenvolver as suas actividades naturaes, ensaiando proveitosamente a vida que irão viver mais tarde no ambiente real [...]”. Além de projetar a sociedade, era o meio de melhorá-la e levar a Nação ao progresso e bem-estar geral.

Por isso a educação objetivava aprimorar o ser humano em sua totalidade: moral, intelectual e físico. Daí a importância da educação integral: formar um indivíduo valoroso, culto e sadio. A lógica era: saudável, por isso também mais “belo”, raciocinava mais e melhor, aprimorando sua inteligência; raciocinando melhor, saberia discernir eficazmente o “moral” e “correto”, do “imoral” e “incorreto”, mas é claro, que com grande auxílio e direcionamento da escola, praticando sempre a boa moral, os bons valores e a dignidade. Assim, com os indivíduos amplamente desenvolvidos, a sociedade conseqüentemente desenvolver-se-ia. Então a Nação, o objetivo final, vislumbraria seu progresso. A educação cumpriria sua função.

Entretanto, além de alimentar essa esperança do futuro, as necessidades do presente tinham que ser atendidas: “As sociedades modernas, por seu turno, estão exigindo individuos sadios, braços possantes e energias mentaes creadoras que possam supprir, eficazmente, as necessidades do momento” (RIBEIRO, 1934, p. 1). O passado servia de aviso. A desorganização social devia-se ao descompromisso com a educação: “A confusão, na hora que passa, é oriunda, exclusivamente, da má orientação pedagogica de outros tempos” (RIBEIRO, 1943, p. 3).

Assim, o “progresso da Nação” era algo mais amplo do que a pura palavra “progresso”. Pode-se associar o desenvolvimento físico ao fator econômico. Os indivíduos saudáveis e fortes rendem mais no trabalho, beneficiando o desenvolvimento econômico, que auxiliado pelo desenvolvimento intelectual, fonte das idéias criativas, inovaria a tecnologia. Então se tem o progresso econômico- tecnológico. O intelecto apurado também eleva o conhecimento geral da Nação. Deste modo, ela seria uma produtora de conhecimentos e cultura. Este seria o crescimento intelectual-cultural. O desenvolvimento moral beneficiaria as relações sociais e políticas: crescimento político-social. Conclui-se então que o tão desejado progresso possui nas entrelinhas a economia e a tecnologia, a cultura e a intelectualidade, o social e a política.

 

EDUCAÇÃO FÍSICA

Nesse contexto, a educação física era indispensável como disciplina em uma escola que adotasse os métodos modernos. Identificados como funções da educação física que a justificavam nas escolas brasileiras e capixabas, na Revista de Educação, estão: eugenia, alicerçada pelas demais funções; desenvolvimento físico-intelectual; saúde e higiene; disciplina, moral e caráter; estética. Os diversos autores apresentam pontos de vista diferentes a respeito da relação entre essas funções: ora uma é causa da outra ou outras, ora é conseqüência, de modo que não é possível estabelecer uma regra geral. Mas todos são unânimes ao identificar sua finalidade: desenvolver uma raça física, moral e intelectualmente forte, próspera e respeitada, sendo também a educação física um remédio eficaz na prevenção de doenças. “[...] Ser forte para fazer o Brasil forte” (CARDOSO, 1934, p. 17).

Percebe-se que ao tipo brasileiro atribuíam-se traços negativos, que comprometiam seu intelecto e dificultavam o desenvolvimento da Nação. Em estudo realizado por Warde (2000), os americanos[4] constituíam o espelho em que os brasileiros deviam se mirar:

Em contraste com os brasileiros, a representação popular descentralizada, a escola disseminada, o povo industrioso, livre honesto, enfim, americanos autênticos. Nem mimessis podiam nos salvar! Espelho perverso, nele nos víamos não só invertidos, mas deformados. No imaginário das elites cravava- se o sentimento de fracasso. (WARDE, 2000, p. 39).

A autora refere-se à intenção do Brasil em se tornar uma Nação moderna, equiparada ao Novo Mundo. Os olhares fixaram-se na escola como o meio de alcançar esse objetivo. Esse discurso foi encontrado na Revista de Educação: os brasileiros deviam espelhar-se nas nações desenvolvidas, se quisessem prosperar.

A educação física tinha papel fundamental na regeneração da “Raça Brasileira”. Esse foi o discurso mais comumente encontrado nos artigos da revista em questão. As outras funções da educação física, identificadas neste estudo, funcionavam em rede, sustentando para a eugenia, a função principal, ou pelo menos, a mais requerida no momento.

O desenvolvimento intelectual dependia do desenvolvimento físico e da saúde. Com o bom funcionamento do organismo proporcionado pela atividade física, a capacidade intelectual seria beneficiada: “[...] se a educação physica é sciencia do preparo muscular é tambem a sciencia do preparo dos centros psyco-motores, dos centros da consciencia por associação multiplas entre o movimento e o pensamento, como entre o pensamento e o movimento” (BRANCO, 1934, p. 51).

A disciplina, a moral e o caráter dependiam da saúde física. De acordo com Fraga (1934, p. 43): “Estudos e experimentos modernos demonstram exuberantemente a decisiva influencia dos exercicios físicos sobre o caráter e a inteligencia. A bôa mastigação por si só é um estimulante das funções cerebrais”. O funcionamento do intelecto também estava ligado a saúde física: “Não havendo exercicio há anemia, e da anemia resulta a perda da energia moral e intelectual [...]”. O crescimento intelectual e moral não estava à parte do desenvolvimento físico e da saúde: caminhavam juntos, entrelaçados, interdependentes. Rousseau (citado por ANCHIETA, 1935, p. 75) teorizou: “[...] o corpo commanda quando é fraco e obedece quando é forte”.

Outras funções da educação física eram a saúde e a higiene, intimamente ligadas. Idealizada como atividade física, que devia ser praticada ao longo da vida, a educação física era indispensável. Há similaridade entre a idéia que se tem atualmente e aquela veiculada na Revista de Educação. A diferença é que, no século atual, existem mais pesquisas científicas que produzem uma certificação de que os exercícios físicos praticados regularmente proporcionam a saúde do organismo. Os autores que escreveram à Revista de Educação apresentavam mais suposições do que comprovações por meio de pesquisas.

A idéia da higiene estava não só ligada à saúde como também, ao funcionamento do organismo, ao desenvolvimento físico e até moral. As doenças seriam prevenidas. A raça deveria ser resistente aos embates do clima e das doenças e a educação física em parceria com a educação sanitária seriam o “pronto-socorro” (FRAGA, 1934).

A estética apresentava-se como uma função da educação física. A Grécia Antiga era uma referência de beleza, culto ao corpo e ao intelecto. A mulher devia cuidar de não se masculinizar e evitar exercícios que poderiam comprometer seu sistema reprodutor. Cardoso (1934) aconselhava a dança para complementar a educação física feminina, além do que era praticado pelo Método Francês. A beleza ainda possuía aspecto de sentimentalismo, expressão e sensibilidade. Houve quem justificasse a educação física estética em oposição ao militarismo, considerando-o com o “espírito anti-humano” (DO “O JORNAL” - RIO citado por REVISTA DE EDUCAÇÂO, 1934, p. 43).

Pode-se concluir que a regeneração da raça possuía diferentes objetivos na composição da “Nação Brasileira”: “Nação Forte, Nação Bem-Sucedida, Nação Saúde, Nação Virtuosa, Nação Bela, Nação Harmonia, Nação Feliz”. A educação física tinha papel fundamental para alcançar esses objetivos, pois era intrínseca à educação integral. O exemplo estava nas nações que se destacavam nesses pontos, pois se serviam da cultura física. As Olimpíadas ou a Guerra afirmavam isso.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo sentia os rumores de guerra e crises mundiais. O poderio das grandes nações era verificado em suas atuações na Primeira Guerra Mundial. As Olimpíadas reforçavam essa imagem. As atenções voltavam-se para a educação como salvadora das pátrias, alicerce do desenvolvimento, pacificadora das crises. Neste papel, era fundamental aprofundar os conhecimentos científicos em todas as áreas que faziam parte da mesma. Assim, maior zelo seria conferido a criança, o sujeito principal da construção nacional.

No Espírito Santo, a existência da Revista de Educação apresenta-se como um indício da modernização pedagógica nas terras capixabas. A revista firmava o Espírito Santo como destaque nacional no ramo da educação, sendo citado até em outros periódicos da área.

Por meio da escola, com métodos modernos de ensino, constituiria-se o elemento primordial nessa mudança. Era eficiente ao direcionar a criança à sua vocação, inteligente ao estimular a construção de um conhecimento individual de acordo com os interesses infantis, respeitosa das limitações individuais, justa na disciplina. Devia ser um local em que as crianças sentissem prazer de estar ali. Assim a educação fluiria espontaneamente. Na tríade do desenvolvimento moral-intelectual- físico estava a fórmula da potencialização das capacidades humanas. Deste modo o indivíduo garantiria a sociedade que garantiria a Nação. A regeneração da raça seria inerente.

A educação física justificava-se nessas funções de regeneração racial: eugenia; desenvolvimento físico-intelectual; saúde e higiene; disciplina, moral e caráter; estética. Por si só possuía uma própria tríade de desenvolvimento moral- intelectual-físico, sendo assim tão relevante na educação.

 

REFERÊNCIAS

ANCHIETA, Manoel Carvalho de. Ligeira apreciação sobre a educação physica da criança. Revista de Educação, Vitória, n. 17-18-19, p. 72-79, ago./set./out. 1935.

BRANCO, Castello. Educação physica e educação intellectual. Revista de Educação, Vitória, n. 6, p. 49-51, set. 1934.

CARDOSO, Celina. A dansa e a ginastica rtmica na educação fisica feminina. Revista de Educação, Vitória, n. 3, p. 13-17, jun. 1934.

CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Por uma história cultural dos saberes pedagógicos. In: CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO, 2., 1998, São Paulo. Anais... São Paulo, 1998. p. 31-40.

CARVALHO, Marta Maria Chagas de. A caixa de utensílios e a biblioteca: pedagogia e práticas de leitura. In: VIDAL, Diana Gonçalves; HILSDORF, Maria Lúcia Spedo (organizadoras). Brasil 500 anos: tópicas em história da educação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001, p. 137-168.

CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: artes do fazer. Petrópolis - RJ: Editora Vozes, 1994.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.

DO “BOLETIM DE ESTATISTICA E INFORMAÇÕES DA SECRETARIA DA FAZENDA” - Victoria - Maio e Juhno de 1934. A moderna legislação sobre o ensino no Estado do Espírito Santo. Revista de Educação, Vitória, n. 6, p. 33-43, set. 1934.

DO “O JORNAL” - Rio -16-6-934. A tarefa da nova educação physica. Revista de Educação, Vitória, n. 6, p. 43-44, set. 1934.

FRAGA, Christiano. Educação fisica. Revista de Educação, Vitória, n. 3, p. 43-45, jun. 1934.

LUZURIAGA, Lorenzo. Conceito de escola única. Revista de Educação, Vitória, n. 3, p. 5-12, jun. 1934.

MARCHIORI, Oswaldo. A escola nova e os methodos activos. Revista de Educação, Vitória, n. 10-11, p. 10-13, jan/fev. 1935.

NÓVOA, Antônio. A imprensa de educação e ensino. In: CATANI, Denice Bárbara; BASTOS, Maria Helena Câmara (org.). Educação em revista: a impressa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras, 1997. p.11 -31.

PASSOS, Placidino. Instruções ao professorado. Revista de Educação, Vitória, n. 1, p. 28-35, abr. 1934.

PASSOS, Placidino. Educação pelo interesse. Revista de Educação, Vitória, n. 17­18-19, p. 19-26, ago./set./out. 1935.

RIBEIRO, Claudionor. O problema da educação. Revista de Educação, Vitória, n. 6, p. 3, dez. 1934.

RIBEIRO, Claudionor. Educação progressiva. Revista de Educação, Vitória, n. 9, p. 1-2, dez. 1934.

VIEIRA, Enoe Bruzzi. Como educar. Revista de Educação, Vitória, n. 17-18-19, p. 107-111, ago./set./out. 1935.

VITORINO, José. A escola moderna e a política. Revista de Educação, Vitória, n. 9, p. 29-31, dez. 1934.

WARDE, Mirian Jorge. Americanismo e educação. Um ensaio no espelho. São Paulo em “perspectiva”, v.14, n. 2. São Paulo, p. 37-43, abr./ jun. 2000, 

 

1 Os textos citados da revista serão transcritos na grafia original, sem correções.

[2]  Definição de Carvalho (2001, p. 142) para os impressos da pedagogia moderna que circularam no Brasil no final do século XIX e início do século XX.

 

[3]  “Escola única”, definida por Luzuriaga (1934), unificava as instituições educativas, sem reduzir-se a um tipo único. Ao contrário, devia suprir os alunos na sua diversidade vocacional com instituições educativas de vários tipos.

[4]  Refere-se ao povo dos Estados Unidos da América, ou norte-americanos.

 

 

Instituto de Pesquisa em Educação e Educação Física (PROTEORIA), http://www.proteoria.org
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